Apresentamos a tradução da entrevista dada pelo Professor Philippe Ariño ao jornal espanhol "La Gaceta" de Madrid. Ariño, desde 2011 deixou a prática homossexual e optou por se guiar pelos ensinamentos da Igreja e nesta entrevista manifesta a sua satisfação em viver de acordo com os ensinamentos da Igreja, coluna e sustentáculo da Verdade. Agradecemos ao irmão J.A.S.P. pela tradução. Original em espanhol disponivel aqui.
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Philippe Ariño: "Ninguém pode imaginar como estou feliz desde que deixei de praticar a homossexualidade". |
PHILIPPE ARIÑO: PROFESSOR, HOMOSSEXUAL, CATÓLICO E CASTO.
Estourou com força um debate
aprofundado sobre o ‘casamento’ gay na França. Como o próprio nome indica, ele é
de origem espanhola e é também professor de espanhol na escola, mas agora está
de licença. A razão é simples: em um ano dá inúmeras palestras em toda a
França, isto sem falar nas suas intervenções na mídia, para discursar sobre suas
duas condições: homossexual e católico. E muito especialmente para explicar o
motivo de ter encontrado a alegria de renunciar às práticas homossexuais para
respeitar os ensinamentos da Igreja. Mas em um dia tão importante como hoje onde
centenas de milhares de franceses protestam contra o projeto do ‘casamento’ gay
do presidente François Hollande.
- Está otimista ou pessimista em relação à manifestação de hoje?
- Não estou otimista, mas sim
cheio de esperança.
- Por quê?
- Porque a esperança é mais
lúcida que o otimismo: nada está decidido até que se vote esta lei. Além do
mais, a população dispõe de um verdadeiro poder de expressão, mas não devemos
nos enganar: a decisão final pertence ao legislador. Portanto, a manifestação
de hoje é só uma primeira etapa, com grande força simbólica, mas ainda
insuficiente.
-Bem, isso é alguma coisa.
-Ela será o gatilho para longas
semanas de debate durante a qual os franceses não irão dispor de muito espaço
para se expressar. Daí que eu espere pouco da manifestação, entendida como algo
pontual, e prefira concentrar-me no dia após a manifestação. Eu confio em nossos
governantes.
- Inclusive no presidente Hollande?
- Se você deseja demonstrar que é
um grande presidente, capaz até de se contradizer, que escuta seu povo e não a
mídia, se ele quer que os franceses o considerem por fim como seu presidente –
no momento não é o caso: aí se explica sua baixa popularidade – não deve perder
a oportunidade única que lhe foi dada de retirar o projeto ‘Casamento para
todos’. Inclusive, seus promotores não o apoiam.
- O que é seguro é que você não celebrará nenhum “casamento para
todos”: em janeiro de 2012 decidiu viver uma entrega total a Deus. Qual o
motivo de sua decisão?
- Tudo está bem claro: não estou
convencido que uma união homossexual seja o melhor que pode ocorrer a alguém
que sinta atração pelo mesmo sexo de forma duradoura. Até hoje, nunca vi uniões
homossexuais que de verdade fossem sólidas, resplandecentes e satisfatórias e
durassem por um longo tempo. Por isso escolhi viver a continência, quero dizer,
entregar minha homossexualidade a Jesus Cristo e sua Igreja.
- Mais especificamente, o que isso significa?
- Significa que eu abandonei
definitivamente a paquera, a masturbação e a pornografia, pois me dei conta de
que estava prisioneiro e triste quando eu me obrigava a sonhar e experimentar o
amor homossexual.
- Que lições você tira disso tudo?
- Entendo que, no amor, é difícil servir a dois senhores: Jesus
Cristo que é Deus encarnado na Igreja e na diferença entre os sexos e, por
outra parte, o amor que dissolve a diferença entre os sexos, ou seja, o amor
homossexual.
- Portanto...
... Escolhi a Igreja que nunca me
decepciona.
- O que lhe permite a continência?
- É uma opção livre, inteira, libertadora e concreta, que reconhece
minha homossexualidade, mas sem ter que carregar a culpa. Ninguém pode imaginar
como estou feliz desde que deixei de praticar a homossexualidade.
- Teve algum papel a consciência na hora de se decidir pela
continência?
- Um diretor espiritual me dizia
que a consciência era o outro nome do Espírito Santo. E como estou convencido
que o Espírito Santo, muito especificamente mediante o dom do batismo, está
presente no coração de cada ser humano, penso que também se expressa através do
senso comum, de nossa liberdade e de nossa consciência. Sim: minha observação
do real, à luz da Igreja, me ajudou a optar pela castidade.
- Você sempre se sentiu bem estando no seio da Igreja?
- Francamente, nunca experimentei
um afastamento real da Igreja, nem fase de rebeldia ou de rejeição nem tão
pouco crises de fé: a Igreja forma parte de mim e sempre tem sido vital; o que
não me impede de ver os defeitos das pessoas da Igreja, que somos todos nós.
- Ou seja, que sua aceitação é total.
- Quando se quer a uma pessoa ou a uma família, você a quer em sua
totalidade. Não se troca nem se aceita dela só aquilo que se gosta. Também
temos que aceitar o que não gostamos.
- É possível evangelizar homossexuais com o Magistério da Igreja?
- Claro! A mensagem da Igreja é realista, pois ela situa a pessoa e
sua liberdade no centro de tudo. Para os homossexuais que preferem limitar-se a
seus atos ou aos seus desejos para não serem livres, é difícil receber esta
mensagem como uma Boa Nova.
- O que eles não entendem?
- Que o caminho católico é libertador: para a Igreja Católica, uma
pessoa homossexual, ainda que sinta uma atração física séria e real por outra
pessoa do mesmo sexo, sempre será livre de não deixar-se reduzir à
homossexualidade e de não traduzi-la em forma de relações homossexuais. Segundo o Magistério Católico, a
diferença entre sexos e a identidade de filhos de Deus, são todos pilares
fundamentais que definem o ser humano.
- E
a orientação sexual?
-
Ainda que possa ser profunda, não é fundamental: o homem é algo mais que
seus instintos sexuais ou seus sentimentos do momento. Foi chamado para algo
muito maior, mais duradouro, mais objetivo e mais livre.
-
Bem, mas segundo muitos gays, a mensagem católica é desrespeitosa para com
eles.
- Em que? A Igreja é a que de verdade defende
e constrói a liberdade das pessoas.
-
Você está ciente da agressividade com que age o lobby gay em relação àqueles
que não pensam como eles?
- É claro que, embora o termo lobby gay
me incomode, pois os lobbies são influenciados por bissexuais gay-friendly, indiferentes a
homossexualidade e ao matrimônio. Porém o certo é que os militantes
homossexuais – tanto gays como gay-friendly
– que se apresentam como defensores do amor, da tolerância, e da liberdade, são
na verdade muitíssimo mais violentos que seus adversários.
-
Você diz isso depois de comparar as bandeiras das diferentes manifestações?
- Sim: a diferença é abismal. E a
violência não é só verbal.
-
Por exemplo?
- 17 de novembro do ano passado em Lyon,
durante uma das primeiras manifestações contra o projeto do presidente
Hollande, a polícia prendeu 40 pessoas a favor do matrimônio gay que portavam
armas brancas.
-
Logo, é como se...
-... Houvesse muitas pessoas homossexuais
que protestam contra esta lei ainda que não se atrevam a se fazerem visíveis. O
que me faz pensar que é bem provável que a manifestação pró-casamento gay do
próximo dia 27 de janeiro seja de uma violência nunca vista.
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