Por Cristiano Falek
“Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (I Ts 4,3).
Imaginem um
anuncio que seria um furo jornalístico de primeira,
mas que ninguém jamais pensou em colocar
nos classificados. Um dia você acorda e vê em cima da
mesa da sua casa, do seu trabalho, na biblioteca da sua faculdade, na banca de
jornal quando você está passando pela rua uma manchete espetacular e que choca
tudo mundo: PROCURAM-SE SANTOS!
Certamente que uma notícia
como essa ia ser um sucesso de audiência de qualquer jornal, pois geraria uma
polêmica absurda neste mundo que já não conhece o que é realmente ser santo.
Certamente encontraríamos pessoas favoráveis e pessoas contrárias, como em
todos os assuntos. Mas não é disso que estou aqui pra falar.
O problema é que este
anuncio não aparece na
‘Folha de São Paulo’ ou no ‘O Globo’, mas se aparecesse geraria uma polemica danada,
ocasionaria no dia seguinte uma manchete de primeira página, aquela que você encontraria
no seu jornal. Diante deste mundo que já perdeu
o sentido de Deus, o coração do homem tem no seu mais profundo um ‘anuncio de classificado’
que tem um: “Procura-se santo(a)! Seguidor(a) de Jesus Cristo e do seu
Evangelho. Que viva de forma coerente a sua fé. Que ore. Que ame
incondicionalmente o seu próximo. Que seja um homem ou uma mulher segundo o
coração de Deus. Tratar com Coração da Humanidade, Qualquer lugar, de qualquer
rua, de qualquer cidade, de qualquer bairro e de qualquer país do mundo”. O
mundo de hoje infelizmente está sedento destas pessoas, aliás, desde sempre o
mundo esteve sedento de Deus e de seus santos, que são os aqueles capazes de
levar Deus ao coração da humanidade.
Enquanto escrevo, lembro
daquela conhecida mensagem aos jovens, que é atribuída ao Beato João Paulo II, conhecida como: ‘Precisamos de santos’. Na
verdade, esta mensagem apenas reproduz aquilo que a humanidade inteira clama,
de forma implícita, todos os dias diante de suas dificuldades, suas fraquezas,
suas misérias. Se pararmos pra pensar na imensa legião de fieis que nos
precederam nesses vinte séculos passados, podemos perceber o quanto o
mundo tem de Deus e têm sede de homens santos.
Podemos perceber isso
claramente num exemplo, através da vida de São Francisco de Assis. No livro ‘O
irmão de Assis’, vemos uma cena onde o ‘Poverello’ começa a pregar em uma
cidade e de repente é atacado pela multidão que parecia ter fome dele. Ao ser
questionado pelo irmão que o acompanhava, São Francisco diz-lhe, como homem santo que era; que as pessoas tinham sede
era de Deus e não dele. Não é esse
caso único da história que se vê casos assim. Pense por exemplo na
multidão que acorria a Ars para se confessar com São João Maria Vianney, ou um
santo mais próximo de nós, quantos homens não acorreram à San Giovanni Rotondo
para falar com São Pio de Pietrelcina...
Desde os primeiros séculos
a humanidade sempre presenciou o pecado e as desordens causadas pela sua
existência no meio da humanidade; as desordens e
desregramentos que são consequências da existência
deste mal e da inclinação que temos a ele. Atualmente, num mundo que aceita o
aborto, a eutanásia, a pansexualidade e diversos outros desregramentos como
coisas normais: procuram-se santos!
Procuram-se homens e
mulheres que mostrem tanta audácia e coragem quanto os mártires dos primeiros
tempos do cristianismo. No Jubileu da Juventude, no ano 2000, assim disse o Beato João Paulo II: “Também hoje, caríssimos amigos, crer em
Jesus, seguir Jesus pelas pegadas de Pedro, de Tomé, dos primeiros apóstolos e
testemunhas, implica uma tomada de posição a favor d' Ele e, não raro, quase um
novo martírio: o martírio de quem, hoje como ontem, é chamado a ir contra a
corrente para seguir o divino Mestre.” [1] É exatamente isso! Hoje
somos chamados a ser santos, a dar um testemunho de fé através desse novo
martírio de andar na contracorrente do mundo atual.
O mundo de hoje já perdeu o
seu sentido, e somente em Deus a vida do homem pode tornar a ter sentido, por
isso são tão necessários os santos. Diante de tantas pessoas que dão a vida por
seus ideais, é necessário dar testemunho que acima de todos os ideais humanos,
está o Evangelho e através dele, o seguimento à Cristo, que é aquele “que
nos dá felicidade”
(Sl 4,7).
Por mais difícil que isso
pareça, precisamos ser santos não somente porque o mundo precisa de santos,
procura santos, mas porque fomos chamados por Deus a isto. Logo
após ter concluído uma aliança com seu povo no monte Sinai, Deus convida a seu povo: “Sede santos, porque eu, o Senhor
vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2). Mas
o que significaria esse chamado para nós? Ser santos
significa seguir a lógica do Evangelho o que não é algo difícil e, como
alguns pensam, ultrapassado. Um autor de espiritualidade do nosso tempo, diz: “Seguir
o evangelho, não é apenas uma idéia virtuosa ou a expectativa de uma recompensa
vindoura. É aceitar uma lógica de Felicidade”
[2]. Percebemos, então, que
somos chamados a ser santos, porque somos chamados a ser plenamente felizes.
O mundo de hoje está
sedento de homens e mulheres santos.
Diante de um mundo “que errou bastante acerca do conhecimento de
Deus, onde reinam tantos males, o ocultismo, a não conservação da pureza nem na
vida nem no matrimônio, a impureza, o adultério, sangue, crime, roubo, fraude,
corrupção, deslealdade, revolta, perjúrio, perseguição dos bons, esquecimento
da gratidão, impureza das almas, inversão sexual, desordens no casamento,
despudor” (Sb 14,22-26), somos chamados à
santidade para vencer a ‘odiosa discórdia do mundo’. Se formos realmente santos,
o
mundo será transfigurado pela luz do Evangelho de Cristo que prega acima de
tudo o amor ao próximo como a si mesmo, que é o oposto de todo o desvio
moral, toda violência, todo sofrimento.
Assim testemunha o jovem
ator mexicano Eduardo Verástegui após a sua conversão, numa entrevista a uma
rede católica de TV: “não fui chamado ou nasci para ser um ator, não fui
criado para ser famoso, nem rico, nem um engenheiro, um médico, um sucesso. Eu
fui chamado a ser santo”[3]. É interessante lembrar que
não só ele mas todos nós, cristãos, fomos chamados a ser santos.
Se a isso fomos chamados, se sabemos que o mundo
clama por isso. Porque não nos decidimos hoje a sê-lo?
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