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quarta-feira, 5 de março de 2014

[Esp] Quaresma: reconciliar-se com Deus!



Estamos iniciando o tempo da Quaresma. Para a Igreja, a Quaresma é um tempo de “um mais aplicado serviço do  Senhor”, nos dizeres de São Leão Magno.  Sobre a Quaresma, assim afirma Dom Prósper Guéranger, no seu ‘Ano Litúrgico’: “uma época, tão sagrada como esta da Quaresma, é rica em mistérios. A Igreja fez dela um tempo de recolhimento e de penitência, em preparação para a maior de todas as suas festas; ela incluiria, portanto,  tudo o que poderia estimular a fé dos seus filhos, e incentivá-los a realizar o árduo trabalho de expiação dos seus pecados”.

Tendo escolhido andar com Deus, o homem é chamado a participar da sua santidade e por isso deve se converter. No inicio da sua vida pública, disse assim Nosso Senhor: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Conversão, metanóia, mudança de mentalidade. É esse o trabalho que somos chamados a empreender a vida toda se queremos participar um dia da felicidade eterna com Cristo. Para vivermos isso, devemos trabalhar para operar nossa transfiguração em Cristo até que possamos dizer: “não sou eu quem vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).

Dietrich von Hildebrand, no seu livro ‘A nossa transformação em Cristo’ afirma que “Deus nos chamou a transformar-nos em homens novos em Cristo. Nos outorga uma vida nova sobrenatural no Santo Batismo, nos faz participes da sua vida divina. Mas essa vida não está destinada a descansar escondida como um segredo no fundo da nossa alma, mas a transformar toda a nossa pessoa. A meta a que Deus nos chamou em sua inconcebível misericórdia, não é só uma perfeição ética, que não se diferenciaria qualitativamente da natural e que só receberia significado sobrenatural pela graça oculta, mas também a plenitude sobrenatural de todas as virtudes de Cristo”.

Para estimularmo-nos nesse caminho em busca da plenitude de todas as virtudes de Cristo na nossa vida, a Igreja nos favorece com a Quaresma. As obras de mortificação e renuncia a que somos convidados nesse tempo quer nos capacitar para que tenhamos uma maior abertura e disponibilidade para que o Senhor realize em nós a maturação necessária para que possamos nos configurar perfeitamente a Cristo e assim chegarmos à sua estatura completa (cf. Ef 4,13) e colher os frutos da sua paixão, morte e ressurreição.

O cerne da espiritualidade da Quaresma é, portanto, este trabalho de penitencia e recolhimento que nos capacita à configuração com Cristo. O sentido da mortificação, muito esquecido nos dias atuais é o de pelo espírito de penitência, associarmos nossos pequenos sacrifícios à obra redentora do Salvador. 

Eis o tempo favorável, eis os dias da Salvação” (II Cor 6, 2). Para nós, a Quaresma deve ser um longo retiro, um treino, em que a Igreja nos exercita na prática de uma vida cristã mais perfeita. Aponta-nos o exemplo de Jesus e, através do jejum e da penitência, associa-nos aos seus sofrimentos, para nos fazer participar da Redenção.

Assim sendo, peçamos ao Santo Espírito do Senhor que nos ilumine nessa Quaresma a fim de que pelos exercícios de piedade propostos pela Santa Igreja corrijamos nossos vícios e  elevemos nossos sentimentos às coisas do alto (cf. Cl 3,1).


P.S.: Para aprofundar mais sobre o assunto, recomendamos a leitura da formação publicada algum tempo atrás.

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