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domingo, 27 de maio de 2018

[Esp] A vitória sobre si mesmo - a mortificação (VII)

Em nossos dias é muito comum que muitas pessoas se entreguem a uma vã curiosidade, sem aplicar sua razão ao que realmente importa, que é glorificar a Deus, lutar por nossa salvação. Não há castidade sem mortificação! Por isso a necessidade da mortificaçao de nossa inteligência, a seguir explicada, e que dá continuidade a nossos textos sobre mortificação, extraídos do livro A vida espiritual reduzida a três princípios, um clássico de autoria do Padre Maurício Meschler, S.J., que nos ajudará a entender e a praticar a vitória sobre nós mesmos. 





MORTIFICAÇÃO NO QUE
CONCERNE À INTELIGÊNCIA



Importa passar agora aos pormenores e considerar em que pode e deve exercer-se a mortificação.

1. Tratando-se da inteligência, o objetivo só pode ser uma falta ou uma desordem de que nos tornamos culpados, isto é, uma falha ou um excesso quer na formação quer no uso das potências intelectuais.

Imagem relacionada2. A inteligência é a faculdade que nos permite chegar à verdade pela apropriação dos conhecimentos. Formar a inteligência equivale a adquirir esses mesmos conhecimentos. Formar a inteligência equivale a adquirir esses mesmos conhecimentos. O primeiro e o mais essencial de nossos deveres consiste em nos aplicarmos a essa formação porque a inteligência é a faculdade distintiva e mais nobre do homem e, em certo sentido, a mais necessária de todas. Os ignorantes de nada servem, nem para Deus, nem para o mundo, nem para o demônio.

3. Na aquisição dos conhecimentos, podemos pecar, primeiramente, por insuficiência. Cumpre que eles sejam seguros, claros e vastos. É necessário evitar a leviandade, a inconstância, e triunfar da indolência. A ciência das verdades religiosas deve ter a primazia sobre as outras, porquanto essas verdades supremas e eternas (rationes aeternae) nos revelam as relações existentes entre a alma e Deus e nos permitem adquirir a noção verdadeira e cristã do que é o mundo. Esse é indubitavelmente o principal escopo da educação da inteligência, se quisermos que todas as outras ciências tenham uma base sólida e se harmonizem entre si. Disso dependem os princípios dirigentes que, na prática da vida, devem regular nosso procedimento moral. É na fé que se encontram esses princípios e máximas, logo é indispensável o conhecimento e a compenetração prática da mesma fé.

Resultado de imagem para curiosidade4. Também podemos pecar por excesso. Importa reprimir a curiosidade desregrada, a temeridade, o prurido de saber tudo, sem distinguir o necessário e útil do que é inútil e perigoso, do que está fora do nosso alcance ou apenas interessa à vaidade ou à ambição.

Os antigos colocavam [a estudiosidade] no número das virtudes tal que a denominavam - studiositas - e cujo fim era combater e reprimir esses desejos insofridos.E tinham razão, porque desse exagero originam-se numerosos inconvenientes. Em primeiro lugar, dá ele à inteligência excessiva preponderância. Aloém disso, como muitas vezes acontece, as faculdades intelectuais não está à altura de corresponder a essa paixão de uma ciência universal e o resultado é adquirirmos apenas idéias inexatas, falsas, noções superficiais, mal assimiladas, e desperdiçamos nossas forças de modo lamentável.

Nada exige tamanha tensão de espírito como o estudo e as pesquisas científicas. Levados a excesso, desencanam o coração, tornam árida a prece, não falando, já, no enfraquecimento da vontade, o que se verifica, infelizmente, em grande número de casos. A ciência, à semelhança da alimentação, exige certo critério.

O alimento em demasia sobrecarrega o estômago; o demasiado saber envaidece o espírito. Aquece não ser a ciência o soberano bem; acima está a verdade; sem esta, aquela é ilusão e mentira. Não pode haver estudo nem saber autônomos. Aprendamos primeiramente o necessário, depois o útil e finalmente o agradável.

5. Tenhamos cuidado em evitar a teimosia, a obstinação nas idéias e juízos próprios, por ser isso incompatível com a piedade, a qual vai sempre conjugada com a simplicidade e a humildade. Estas duas últimas virtudes não se acham na tenacidade exagerada em nossas opiniões. Aliás,  a pertinácia provoca dissensões e nos torna fastidiosos e insuportáveis ao próximo. É uma sorte de fanatismo, mas que não tem a verdade por objeto. Os fanáticos são sempre cuidadosamente evitados.

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A contumácia nas idéias é inimiga da verdade: não há uma só heresia que não tenha tido nela sua origem. Essa espécie de obstinação não cede nem diante de Deus nem da Igreja. Ofende não somente a verdade especulativa, mas também a moral e até a filosofia prática da vida, que tem seu fundamento no bom senso. Nada há menos prático que a falta de bom senso, e menos conforme a este que a pertinácia e obstinação no próprio juízo.

Não tenhamos a pretensão de possuir o monopólio da ciência nem de haver encontrado a última palavra na solução de todas as questões. O que sabemos nada é em comparação do que ignoramos. É bom ter idéias próprias; porém, muitas vezes, é mais proveitoso guiarmo-nos pelas alheias. A independência é coisa excelente, exceto quando vai contra a verdade. O conhecimento de nós mesmos é o melhor remédio contra a obstinação, porquanto, ele nos torna humildes e prudentes.

Os verdadeiros sábios são sempre os mais condescendentes dos homens.

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