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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

[Esp] Uma meditação para o Ano Novo


FAÇAMOS RENDER O TEMPO

31 DE DEZEMBRO




Neste último dia do ano, recolho-me aos pés do Menino Jesus para considerar o valor do tempo à luz da eternidade

1 – O tempo passa e não volta mais. Deus assinalou a cada um de nós um tempo determinado para realizar o plano divino nas nossas almas: dispomos desse tempo e não de outro. O tempo mal empregado está perdido para sempre. Assim é a nossa vida: um contínuo fluir, um incessante correr de tempo que já não volta: na eternidade, ao contrário, estaremos fixos, permaneceremos estáveis no grau de amor que tivermos alcançado agora, no tempo; se este grau for grande seremos estabelecidos eternamente num grande grau de amor e de glória; mas se este grau for pequeno não teremos outro em toda a eternidade. Terminado o fluir do tempo, já não é possível progresso algum. «Logo, enquanto temos tempo, façamos bem a todos» (Gál. 6,10). “Trata-se de dar a cada instante o máximo de amor, de fazer eterno o instante que foge, dando-lhe o valor da eternidade” (Ir. Carmela do Espírito Santo, o.c.d.) Eis o melhor modo de empregar o tempo que o Senhor nos concede. A caridade permite-nos aderir com docilidade e amor à vontade de Deus e assim, no fim da vida, teremos realizado o plano divino sobre a nossa alma, teremos alcançado o grau de amor que Deus espera de cada um de nós, com que O amaremos e glorificaremos eternamente.
2 – O aumento da caridade depende dos actos meritórios, ou seja, das obras feitas sob o influxo da caridade. Toda a obra merece um aumento de caridade, que será concedido à alma ou imediatamente ou no fim da vida, conforme a alma tiver posto nos seus actos todo o amor de que é capaz, ou, pelo contrário, os tiver feito um pouco à força, com descuido e negligência. No primeiro caso o aumento da caridade é semelhante aos juros que são imediatamente adicionados ao capital e que por isso rendem com ele; no segundo caso é semeIhante aos juros que não são adicionados ao capital e não o aumentam, se bem que sejam propriedade de quem os adquiriu,
Para que o mérito das nossas boas obras – isto é, o aumento da caridade merecido por elas, – se conceda imediatamente à alma, é essencial que tais obras sejam realizadas com todo o amor, isto é, com toda a boa vontade e generosidade de que a alma é capaz: então é como se a alma se abrisse para receber o aumento de amor merecido, e este, com efeito, junta-se imediatamente ao capital da caridade que ela possui, aumentando-lhe automaticamente o grau e a intensidade.
Para crescer no amor somente dispomos da breve jornada desta vida terrena e, se queremos aproveitar o mais possível, devemos aplicar-nos a realizar as nossas boas obras «com todo o coração», vencendo a inércia e a preguiça naturais. O amor crescerá então sem medida, e a alma poderá dizer ao Senhor como Sta. Teresa do M. J.: «o Vosso amor cresceu comigo e agora é um abismo cuja profundidade não posso sondar» (M. B. pg. 313). Apressemo-nos a fim de que tenhamos tempo, porque logo «vem a noite e ninguém pode trabalhar» (Jo 9, 4).
Colóquio – Considerando, Senhor, o ano que passou, que Vós me destes para crescer no vosso amor, não deixar de lamentar-me a mim mesmo e de repetir-Vos: quão pouco Vos amei, meu Deus, e que mal empreguei o meu tempo!
«Ó que tarde se incendiaram os meus desejos e que cedo andastes Vós, Senhor, granjeando e chamando para que toda me empregasse em Vós! Porventura, Senhor, desamparastes o miserável ou afastastes o pobre mendigo quando se queria chegar a Vós? Porventura, Senhor, têm termos as Vossas grandezas ou as fossas magníficas obras? Ó Deus meu e misericórdia minha! Como as podereis agora mostrar em Vossa serva! Poderoso sois, ó meu Deus. Agora poder-se-á entender se minha  alma se engana a si mesma, vendo o tempo que perdeu e como num instante Vós podeis, Senhor, fazer com que o torne a ganhar. Parece que desatino, pois o tempo Perdido, costumam dizer, não se pode tornar a recuperar.
«Bendito seja o meu Deus! Ó Senhor! Confesso o Vosso grande poder. Se sois poderoso, como sois, que há de impossível ao que tudo pode?
«Vós bem sabeis, meu Deus, que no meio de todas as minhas misérias nunca deixei de conhecer o Vosso grande poder e misericórdia. Valha-me, Senhor, isto em que não Vos ofendi. Tende-o em conta. Recuperai, Deus meu, o tempo perdido, dando-me graça para o presente e para o porvir, para que apareça diante de Vós com vestes de boda. Se o quiserdes, podê-lo-eis» (T.J. Ex. 4).
Da minha parte, Senhor, não vejo melhor modo de recuperar o tempo perdido do que aplicar-me com todas forças ao exercício do amor. Sim, o meu amor aumentará se eu souber cumprir por Vós todos os meus deveres e todas as minhas boas obras «com todo o coração» ou seja, «com toda a boa vontade». Mas eu sou tão débil e fraco, tão indolente e inclinado a fugir do esforço, a evitar, ou pelo menos a diminuir o sacrifício...; a minha natureza tende sempre ao mais fácil, ao menos custoso e facilmente cai na negligência e na indolência. Ajudai-me, Vos Senhor, e robustecei o meu amor com a força omnipotente do Vosso. Já que é tão pouco o que posso fazer por Vós, ao menos que o faça com todo o amor de que me tornastes capaz.

(Intimidade Divina, do P. Gabriel de S. Maria Madalena, OCD)



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