Caríssimos, nesta semana, voltamos à nossa coluna sobre Teologia do Corpo. Neste post, continuaremos a apresentar o ensino do Magistério sobre o sentido da sexualidade no plano de Deus pegando a linha de pensamento do post anterior: qual o caminho para curar as distorções nas relações entre homem e mulher?
“Ao longo de todo o Antigo Testamento, configura-se uma história de salvação que joga simultaneamente com a participação do masculino e do feminino. [...] “Vós que fostes batizados em Cristo fostes revestidos de Cristo... não há mais homem nem mulher” — escreve São Paulo aos Gálatas (3,27-28). O Apóstolo não declara aqui que deixou de existir a distinção homem-mulher, distinção que alhures diz pertencer ao projeto de Deus. O que, ao invés, quer dizer é o seguinte: em Cristo, a rivalidade, a inimizade e a violência, que desfiguravam a relação do homem e da mulher, são superáveis e estão superadas. Neste sentido, mais do que nunca é reafirmada a distinção do homem e da mulher, que aliás acompanha até ao fim a revelação bíblica. Na hora final da história presente, quando se vislumbram no Apocalipse de João “um novo céu” e “uma nova terra” (Ap 21,1), é apresentada em visão uma Jerusalém feminina “bela como noiva adornada para o seu esposo” (Ap 21,2). A própria revelação termina com a palavra da Esposa e do Espírito que imploram a vinda do Esposo: “Vem, Senhor Jesus” (Ap 22,20).
O masculino e o feminino são, portanto, revelados como pertencentes ontologicamente à criação e, por conseguinte, destinados a perdurar além do tempo presente, evidentemente numa forma transfigurada. Desse modo caracterizam o amor que “não terá fim” (1Cor 13,8), embora se torne caduca a expressão temporal e terrena da sexualidade, ordenada para um regime de vida marcado pela geração e pela morte. Dessa forma de existência futura do masculino e feminino, o celibato pelo Reino quer ser profecia. Para os que o vivem, antecipa a realidade de uma vida que, embora permanecendo a de um homem e de uma mulher, deixará de estar sujeita às limitações presentes da relação conjugal (cf. Mt 22,30). Para os que vivem a vida conjugal, também o seu estado constitui referência e profecia da perfeição que a sua relação encontrará no encontro face a face com Deus.
Distintos desde o início da criação e permanecendo tais no próprio coração da eternidade, o homem e a mulher, inseridos no mistério pascal de Cristo, deixam de conceber a sua diferença como fonte de discórdia, a superar com a negação ou com o nivelamento, mas como uma possibilidade de colaboração, que devem cultivar no recíproco respeito da distinção. Daqui se abrem novas perspectivas para uma compreensão mais profunda da dignidade da mulher e do seu papel na sociedade humana e na Igreja.”
[CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre a colaboração do homem e da mulher na Igreja e no Mundo, § 9 e §12 ]
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