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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

[Esp] Fiel madeiro da Santa Cruz...

Por Cristiano Falek


Hoje, a Igreja celebra uma festa que para nós, como membros do Apostolado Coragem, apresenta um mistério intimamente ligado à nossa vida cristã: a  Exaltação da Santa Cruz.

E que conveniente pensar que a nossa Igreja festeja, canta e celebra o “fiel madeiro da santa cruz” como canta o clássico hino da sexta-feira santa, que me comove particularmente desde o momento que tomei alguma consciência do mistério que existe por detrás da nossa redenção através da Cruz de Cristo.

São Paulo nos lembra em diversos momentos a importância desse mistério da morte de Nosso Senhor na cruz e da importância dela para nossa vida. Vou me restringir a dois deles, um tirado da missa do dia de hoje e outro de uma passagem particularmente ligada à nossa realidade.

Quanto a mim, não pretendo gloriar-me a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por ela o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6,14-15). Que contraste com o mundo atual! Hoje glorificamos o sucesso, a fama, o dinheiro, o prazer dissoluto... O sofrimento, a dor, a cruz, quero longe de mim, corro atrás do leniente mais acessível para mim.  Mas será que realmente a Cruz é maléfica para nós? A Sabedoria Eterna, que guia em todos os tempos a Igreja, diz que não, que ao contrário, a cruz é um bem!

Anos atrás me deparei com uma situação difícil e desafiadora, mas também com a Palavra de Deus no canto do Servo Sofredor (Is 52,13-53,12), por ocasião da Semana Santa. Aquela narrativa dolorosa e comovente me prendeu a atenção e me motivou, iluminado pelo Espírito Santo, dor pelos meus pecados. Tempos depois, lendo os escritos de Santa Teresa de los Andes, deparo-me com a tão surpreendente afirmação: “As imperfeições – disse o Senhor a uma alma – são o caminho para se chegar a mim pela humildade, confiança e amor”.  Imperfeições? Que contraste! Mas não é a nossa atração pelo mesmo sexo uma triste imperfeição? Quantas vezes não nos paramos nas vicissitudes das nossas vidas particulares pensando: mas que cruz isso! Eu seria tão mais feliz se eu não tivesse isso!

“Se alguém me quiser seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga!” (Mc 8,34). De fato, Nosso Senhor não deseja que vivamos uma vida de infelicidade, mas Ele também colocou claramente a condição para segui-lO:  “tomar a cruz ”. A Serva de Deus, a Baronesa Catherine Doherty, fundadora do Apostolado de Madonna House, uma comunidade canadense que se dedica à oração contemplativa, afirma: “Não consigo visualizar uma história de amor com Deus sem a cruz”. Catherine, que teve uma vida permeada de sofrimentos, compreendeu que a cruz não é uma escolha na vida cristã, mas condição sine qua non para uma verdadeira história de amor com Deus.

Ora, se Jesus, Nosso Senhor, Redentor e Salvador, o Esposo divino, morreu por nós numa cruz; se desejamos viver uma história de amor com Ele, que caminho buscar senão o mesmo que o dEle? Não foi Ele que disse: “Tome a sua cruz e me siga”? A Cruz apresenta-se na nossa vida de diversas maneiras: doença, pobreza, cansaço, dor, desprezo, solidão... no nosso caso ela se apresenta como atração pelo mesmo sexo. Será que estamos dispostos a pegar a nossa cruz e seguir a Nosso Senhor? Queremos nós, ter uma história de amor com Ele?

“Não são poucos os que fogem em debandada da Cruz de Cristo – diz o Padre Fernandez-Carvajal –, e se afastam da verdadeira alegria, da própria santidade; fogem de Cristo”.  E ele continua: “Queixamo-nos com frequência das contrariedades? Ou, pelo contrário, damos graças a Deus também nos fracassos, na dor, na contradição? Essas realidades afastam-nos ou aproximam-nos de Deus?” Examinemo-nos!

Catherine Doherty afirmou noutra oportunidade: “Deus [Cristo] abraçou a cruz! Ele a desejou! Para isso que Ele nasceu! E para isso que nascemos – para ficar nela, com Ele!”. Logo, se queremos viver com Ele, é na cruz que devemos procura-lO. São Paulo ensina que os sofrimentos são breves e suportáveis, e que o prêmio desses sofrimentos acolhidos por amor a Cristo é imenso e eterno. Pensemos um instante: Que surpresa Nosso Senhor reserva-nos pra o futuro?

Assim fez o Senhor comigo quando lhe agradou retirar a humilhação que eu passava perante o povo” (Lc 1,25). Isso disse Santa Isabel, que já não mais esperava ver-se livre da vergonha de ser estéril e não gerar filhos; mas juntamente com São Zacarias, tiveram a dita de, abraçando a própria cruz, serem merecedores de serem os pais do maior entre todos os nascidos de mulher, São João Batista. Será que sabemos as surpresas que Nosso Senhor nos reserva ainda nesta vida?

Apesar disso, amemos a nossa cruz de cada dia! Amemos, com caridade sobrenatural a nossa cruz particular e, ao mesmo tempo, lutemos com perseverança para nos unirmos cada dia mais e mais, por meio dos sofrimentos que ela nos causa, a nosso Senhor Jesus, que escolheu, por primeiro a Cruz por amor a nós e para nos salvar. “Ele me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20b) .

Concluamos ouvindo novamente o Padre Fernandez-Carvajal: “O amor à Cruz produz abundantes frutos na alma. Em primeiro lugar, leva-nos a descobrir Jesus, que sai ao nosso encontro e carrega sobre os seus ombros a parte mais pesada da contradição. A nossa dor, associada à do Mestre, deixa de ser o mal que entristece e arruína, e converte-se em meio de íntima união com Deus”.

E cantemos novamente o belíssimo hino da Sexta-feira Santa:

Fiel madeiro da Santa Cruz/ ó árvore sem rival.
Que selva outro lenho produz,/ que traga em si fruto igual?
Quão doce peso conduz,/ ó lenho celestial!
Fiel madeiro da Santa Cruz/ Ó árvore sem rival!

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