Por Cristiano Falek
Hoje, a Igreja celebra uma festa que para
nós, como membros do Apostolado Coragem, apresenta um mistério intimamente
ligado à nossa vida cristã: a Exaltação
da Santa Cruz.
E que conveniente pensar que a nossa Igreja
festeja, canta e celebra o “fiel madeiro da santa cruz” como canta o clássico
hino da sexta-feira santa, que me comove particularmente desde o momento que
tomei alguma consciência do mistério que existe por detrás da nossa redenção
através da Cruz de Cristo.
São Paulo nos lembra em diversos momentos a importância
desse mistério da morte de Nosso Senhor na cruz e da importância dela para
nossa vida. Vou me restringir a dois deles, um tirado da missa do dia de hoje e
outro de uma passagem particularmente ligada à nossa realidade.
“Quanto
a mim, não pretendo gloriar-me a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Por ela o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6,14-15).
Que contraste com o mundo atual! Hoje glorificamos o sucesso, a fama, o
dinheiro, o prazer dissoluto... O sofrimento, a dor, a cruz, quero longe de
mim, corro atrás do leniente mais acessível para mim. Mas será que realmente a Cruz é maléfica para
nós? A Sabedoria Eterna, que guia em todos os tempos a Igreja, diz que não, que
ao contrário, a cruz é um bem!
Anos atrás me deparei com uma situação difícil
e desafiadora, mas também com a Palavra de Deus no canto do Servo Sofredor (Is 52,13-53,12), por
ocasião da Semana Santa. Aquela
narrativa dolorosa e comovente me prendeu a atenção e me motivou, iluminado
pelo Espírito Santo, dor pelos meus pecados. Tempos depois, lendo os escritos
de Santa Teresa de los Andes, deparo-me com a tão surpreendente afirmação: “As
imperfeições – disse o Senhor a uma alma – são o caminho para se chegar a mim
pela humildade, confiança e amor”.
Imperfeições? Que contraste! Mas não é a nossa atração pelo mesmo sexo
uma triste imperfeição? Quantas vezes
não nos paramos nas vicissitudes das nossas vidas particulares pensando: mas
que cruz isso! Eu seria tão mais feliz se eu não tivesse isso!
“Se alguém me quiser seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga!” (Mc 8,34). De fato, Nosso Senhor não deseja que vivamos
uma vida de infelicidade, mas Ele também colocou claramente a condição para
segui-lO:
“tomar a cruz
”. A Serva de Deus, a Baronesa Catherine Doherty, fundadora
do Apostolado de Madonna House, uma comunidade canadense que se dedica à oração
contemplativa, afirma: “Não consigo visualizar uma história de amor com Deus
sem a cruz”. Catherine, que teve uma vida permeada de sofrimentos, compreendeu que a
cruz não é uma escolha na vida cristã, mas condição sine qua non para uma verdadeira história de amor com Deus.
Ora, se Jesus, Nosso Senhor, Redentor e
Salvador, o Esposo divino, morreu por nós numa cruz; se desejamos viver uma
história de amor com Ele, que caminho buscar senão o mesmo que o dEle? Não foi
Ele que disse: “Tome a sua cruz e me siga”? A Cruz apresenta-se na nossa vida
de diversas maneiras: doença, pobreza, cansaço, dor, desprezo, solidão... no
nosso caso ela se apresenta como atração pelo mesmo sexo. Será que
estamos dispostos a pegar a nossa cruz e seguir a Nosso Senhor? Queremos nós,
ter uma história de amor com Ele?
“Não são poucos os que fogem em debandada da
Cruz de Cristo – diz o Padre Fernandez-Carvajal –, e se afastam da verdadeira
alegria, da própria santidade; fogem de Cristo”. E ele continua: “Queixamo-nos com frequência
das contrariedades? Ou, pelo contrário, damos graças a Deus também nos
fracassos, na dor, na contradição? Essas realidades afastam-nos ou
aproximam-nos de Deus?” Examinemo-nos!
Catherine Doherty afirmou noutra
oportunidade: “Deus [Cristo] abraçou a cruz! Ele a desejou! Para isso que Ele
nasceu! E para isso que nascemos – para ficar nela, com Ele!”. Logo, se queremos viver com Ele, é na cruz que devemos procura-lO. São Paulo ensina que os sofrimentos são breves
e suportáveis, e que o prêmio desses sofrimentos acolhidos por amor a Cristo é
imenso e eterno. Pensemos um instante: Que surpresa Nosso Senhor reserva-nos pra o
futuro?
“Assim fez o Senhor comigo
quando lhe agradou retirar a humilhação que eu passava perante o povo” (Lc
1,25). Isso disse Santa Isabel, que já não mais esperava ver-se livre da
vergonha de ser estéril e não gerar filhos; mas juntamente com São Zacarias,
tiveram a dita de, abraçando a própria cruz, serem merecedores de serem os pais
do maior entre todos os nascidos de mulher, São João Batista. Será que sabemos
as surpresas que Nosso Senhor nos reserva ainda nesta vida?
Apesar disso, amemos a nossa cruz de cada
dia! Amemos, com caridade sobrenatural a nossa cruz particular e, ao mesmo
tempo, lutemos com perseverança para nos unirmos cada dia mais e mais, por meio
dos sofrimentos que ela nos causa, a nosso Senhor Jesus, que escolheu, por
primeiro a Cruz por amor a nós e para nos salvar. “Ele me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20b) .
Concluamos ouvindo novamente o Padre
Fernandez-Carvajal: “O amor à Cruz produz abundantes frutos na alma. Em
primeiro lugar, leva-nos a descobrir Jesus, que sai ao nosso encontro e carrega
sobre os seus ombros a parte mais pesada da contradição. A nossa dor, associada
à do Mestre, deixa de ser o mal que entristece e arruína, e converte-se em meio
de íntima união com Deus”.
E cantemos novamente o belíssimo hino da
Sexta-feira Santa:
“Fiel madeiro da Santa Cruz/ ó
árvore sem rival.
Que selva outro lenho produz,/ que
traga em si fruto igual?
Quão doce peso conduz,/ ó lenho
celestial!
Fiel madeiro da Santa Cruz/ Ó
árvore sem rival!”
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