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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

[FH] Masturbação: Qual a perspectiva de Deus? [I]


[Apresentamos a tradução do artigo de Jay Stone, do ministério 'Amor en Acción'. O texto a seguir apresenta algumas lacunas com relação ao original, pois há discordância com o Magistério Católico nas partes suprimidas. Agradecemos ao irmão J.A.S.P. pela ajuda na tradução. A tradução em espanhol está disponível aqui]

Jay Stone

Mas, pela prática sincera da caridade, cresçamos em todos
os sentidos, naquele que é a cabeça, Cristo” (Ef 4,15).

A maioria dos cristãos solteiros luta contra a masturbação. Muitos se sentem culpados, e, além disso, confusos e oprimidos sobre como acabar com o vício. É possível superar este comportamento?

Qualquer discussão sobre a masturbação deve começar considerando nossos pontos de vista sobre o sexo em geral. Como em muitas outras áreas, o mundo corrompeu algo que Deus criou para o bem. Estamos rendendo culto ao prazer sexual ao invés de recebê-lo em ação de graças.

A forma como vemos a sexualidade tem um efeito em nossas ações. Quando temos um passado de promiscuidade sexual, abuso ou desvio pode ser difícil para nós ver a sexualidade como um presente de Deus. Ele pode nos ajudar a vê-la como algo bom. O que estou dizendo pode ser chamado “viver em paz com nossa sexualidade”.

A sexualidade é a essência de nossa existência. Não podemos separá-la de quem somos. Nossos corpos são obra de Deus. Por tanto, o sexo – o qual é parte desta criação – é bom.

FIM DA SOLIDÃO

A sexualidade foi criada por Deus para acabar com a solidão do homem.  Depois de criar o mundo, Deus disse que havia um aspecto que “não era bom”, o fato de que Adão estava só. Assim que criou Eva. O sexo é seu dom maravilhoso, operando como um ímã para unir duas pessoas [1].

Neste contexto, vejamos o “benefício” da masturbação. A masturbação traz um alívio físico, porém nunca pode satisfazer emocionalmente, não é uma experiência compartilhada. Está dirigida a si mesmo. A experiência sexual que foi criada para ser compartilhada por outra pessoa, é consumada na solidão do silêncio.

A masturbação não nos leva a nos relacionarmos. Em vez de resolver nosso isolamento, a masturbação só faz piorar o problema. Na masturbação, estamos tratando de satisfazer nosso desejo sexual, mas de uma forma imatura.

Talvez isto explique por que a masturbação nos deixa com sentimentos de culpabilidade. De alguma forma, cada pessoa sabe que o sexo foi criado para ser compartilhado e a masturbação não cumpre este propósito. Mas muitas vezes a culpa e a insatisfação associada com a masturbação nos mantém num círculo vicioso de fracasso. Emaranhamos cordas de vergonha e solidão ao nosso redor.

A solução é encontrada quando nós saímos de nós mesmos. Quanto mais preenchermos nossas vidas dando-nos aos demais, menos nos voltaremos ao centro de nós mesmos.

SINTOMAS DE PROBLEMAS MAIS PROFUNDOS

A masturbação pode ser um indicador de um problema mais profundo o qual pode não ser sexual. Mas o problema tomou uma forma sexual. Grande parte do tempo a masturbação é um indicador de uma insatisfação com nós mesmos e com nossa vida. Podemos estar tentando superar o descontentamento buscando o prazer temporal que a masturbação oferece. A masturbação usada como se fosse uma bengala nunca terá êxito em ajudar a trazer satisfação à vida de alguém.

Nossa meta é chegarmos à maturidade. A masturbação nos mantém imaturos. Parte do crescimento é aprender a subjugar a forma como tratamos nossos impulsos sexuais. Muitos de nós nunca aprendemos como fazer isso.

Alguns psicólogos sentem que crescemos através de diferentes fases em nosso desenvolvimento psicológico. Crescemos de uma fase a seguinte quando aprendemos a permanecer abaixo de nossa tensão sexual sem transferir nossos desejos sexuais imediatamente ao prazer.

Quanto mais aprendemos a controlar a tensão sexual, mais força iremos adquirir para crescermos em maturidade. De acordo com esta teoria, começamos a fase auto-erótica. Nesta fase amamos a nós mesmos. A masturbação é considerada parte desta fase. Diga, “Sou imaturo”.

Idealmente passamos desta fase a fase homoerótica. Passamos de amarmos a nós mesmos a ter a capacidade de amar alguém do mesmo sexo, o qual ocorre nas crianças quando tem profundos sentimentos de amor por alguém do mesmo sexo. Isto não tem nada a ver com a homossexualidade. É um passo necessário do crescimento.

Nesta etapa intermediária aprendemos como amar a alguém além de nós mesmos, mas ainda não somos capazes de dirigir nossos sentimentos a alguém do sexo oposto. Nesta fase aprendemos a tratar sentimentos de amor sem transferi-los a ações sexuais. Ter tais sentimentos é normal.

A última fase é chamada de etapa hetero-erótica. Esta ocorre quando fazemos o difícil encontro com alguém oposto a nós. Necessita-se maturidade para encarar alguém que é diferente. Temos temor, pois este temor é normal. É necessário maturidade para superar o temor.

Antes que possamos dominar nosso impulso sexual, necessitamos reconhecê-lo como um dom de Deus. Não podemos simplesmente descartá-lo. Nem tampouco podemos rezar para que desapareça. Descartá-lo seria descartar algo que Deus nos deu para que nos servíssemos. Nosso impulso sexual é um presente de Deus.

CONSELHOS UTEIS

A seguir algumas sugestões para ajudar-te a adquirir maturidade em relação à masturbação:

a) Conheça sua meta. Ter uma meta significa que você tem algo para conseguir. Mas ao invés de ter a meta “quero deixar de me masturbar”, tente outra coisa. Uma meta melhor seria, “quero chegar à maturidade e crescer em minha masculinidade” (ou feminilidade, depende do caso). A masturbação nos impede de chegar a sermos maduros.

b) Reconheça que a masturbação alimenta insegurança no seu sentido de identidade sexual. Em seu crescimento fora da homossexualidade, você está descobrindo quem você é como homem ou mulher. O dominar a masturbação, - particularmente se é utilizada como uma saída para fantasias sexuais com gente do mesmo sexo -, é um passo mais para crescer seguro em sua identidade sexual.

c) Reconheça que a repressão não é a resposta. Você não pode reprimir seu impulso sexual e criar a pretensão que não existe; isso só lhe trará frustração. Você precisa encarar o fato: Parte do ser humano é ter um desejo pelo sexo. Jesus quer ajudar-te a viver em paz com estes sentimentos. Você pode renunciar a satisfação do seu desejo sem reprimi-lo. Quando você aprender a renunciar a sua gratificação, realmente encontrará maior satisfação sem ter que se render a ele.

d) Reconheça a verdade de que você pode superar a masturbação. Não é verdade que os impulsos sexuais, se não se cede a eles, chegam a um ponto que explodem. Você não é uma vítima de desejos incontroláveis. Talvez sinta como se não pudesse deixar de masturbar-se. Talvez pense que a pressão sexual é demasiado irresistível. Se você se sente assim, seu corpo está te enganando.

e) Reconheça que você terá trabalho em desenvolver resistência para superar teus desejos egoístas de prazer. Recorde sua meta: “crescer em maturidade”. O crescimento frequentemente vem acompanhado de dor. Foi ideia de Deus dar-nos bons sentimentos. Mas não vamos ser regidos por esses desejos.

f) Permita que a graça cresça em você. Você pode realmente ter uma obsessão em querer desistir. Esta obsessão faz que volte os teus olhos a você mesmo em vez de voltá-los a Deus.

g) Foque no amor de Deus para você e sua graça em te ajudar. Pode ser que você caia, mas você pode levantar e tentar novamente. Da mesma forma como você aprendeu a andar. Se cair, não duvide de Deus. Aceite seu perdão e se alegre em sua relação com aquele que te perdoa.

h) Pratique a abstinência em outras áreas de sua vida: Outra palavra para abstinência é “jejuar”. Quando se jejua, você evita algo que é permitido, não algo proibido. Quando aprender a renunciar a coisas que são permissíveis, você aprenderá a ter mais autocontrole sobre áreas que são proibidas. Por exemplo, discipline sua forma de comer abstendo-se de alguma comida, abstendo-se do chocolate durante uma semana, ou bebendo só líquidos durante uma semana. Outro exemplo é a televisão. Desligue a televisão durante uma noite e passe o tempo escrevendo cartas ou lendo um bom livro.

i) Mantenha suas lutas contra a masturbação na perspectiva. Creio que este problema é o menos agravado em proporção a outros problemas em nossas vidas. Superar a masturbação é só uma parte do grande quadro de crescer maduros em Cristo em todas as áreas de nossa vida.  [...]


[1] A visão católica da sexualidade é um pouco distinta dessa. Na verdade, a sexualidade não foi criada somente para acabar com a solidão original do homem. Já apresentamos argumentos do magistério do beato João Paulo II sobre o assunto aquiaqui e aquiRecomendamos, sobretudo a leitura das encíclicas Arcanum divinae sapientiae do papa Leão XIII e  Casti connubii do papa Pio XI, bem como da exortação apostólica Familiaris consortio do beato João Paulo II. Todos estes documentos apresentam uma visão lúcida sobre a sexualidade segundo a visão católica. 

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