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terça-feira, 16 de abril de 2013

[FH] Os frutos de uma desobediência...


“Vivemos numa época de descobertas extraordinárias no campo das Ciências e da Tecnologia e, simultaneamente, numa época de desorientação, numa escala que mal se poderia imaginar há uns anos atrás. Esta desorientação está especial e manifestamente relacionada com a sexualidade. A expressão “sexualidade autodeterminada” por si só implica uma palavra de ordem revolucionária e refractária a qualquer realidade existente e, em particular, a algo como um “mandamento divino”. Na criação de animais fala-se de “atitude perante as características inerentes à espécie”. Investigam-se ecossistemas para poder respeitar a sua integridade e não os destruir involuntariamente. As revistas sobre saúde aconselham as pessoas sobre os aspectos mais inconcebíveis no sentido de manter a saúde, e todas são unânimes em afirmar que tal só é possível se se respeitar as leis do corpo.

Apenas no âmbito da sexualidade humana os relógios andam ao contrário. Neste caso exige-se autoritariamente a “auto-determinação”. Já há muito tempo que há intervenções de terceiros na biologia do ato sexual, o privando da sua fertilidade através da Química e da Tecnologia. O prazer sexual é considerado “alimento de primeira necessidade” para o corpo e para a alma, o qual deve ser proporcionado ao ser humano mesmo quando as consequências das intervenções são inequívoca e imprevisivelmente devastadoras. Mas tal não foi bastante - agora também a alma dos homens e das mulheres tem de ser submetida à “auto-determinação”. Neste particular a “autodeterminação” não deixa de ser um mero sarcasmo, pois quem determina são os outros, aqueles que se autodenominam ideólogos da sexualidade.


Uma faceta desta evolução calamitosa é constituída pelo “movimento homossexual” trata-se de um poderoso e atuante lobby internacional dos assim chamados homossexuais “assumidos” que reivindica, através de todos os meios, a equiparação moral e jurídica do seu modo de vida ao casamento, ao mesmo tempo tenta-se destruir este. Um dos principais argumentos declara que os homossexuais são uma pobre minoria discriminada cujos direitos humanos têm agora de ser finalmente reconhecidos e aceitos. [...]

Paulo VI promulgou a "Humanae Vitae",
mas foi desobedecido sistematicamente.
O resultado é a catástrofe que temos visto
atualmente.
Tragicamente, esta ideologia, ainda acrescida de condimentos teológicos, penetrou também em diversas comunidades cristãs e até em círculos católicos. Uma das grandes causas desse fato é obviamente a capacidade geral de aliciamento das pessoas pelo espírito da época, que também afeta católicos. Uma outra coisa é indubitavelmente a rejeição da encíclica “Humanae Vitae” nos países ocidentais. Quando ela surgiu, em 1968, muitos intelectuais e teólogos católicos aceitaram a separação artificial do ato de amor da sua fecundidade, promovendo o sentido oposto ao da doutrina da Igreja. Desse modo, as ideias e as atitudes de muitos perante a sexualidade alteraram-se de uma forma tão sutil quanto trágica.

Uma vez que lhes parecia possível inibir a fecundidade sem deixar de se unir “pelo amor”, deixou de ser realmente compreensível que o ato de amor devesse se consumar consoante a sua natureza. Para ocorrer a relação sexual seria necessária a introdução do pênis na vagina, mas por que isso também não poderia ocorrer sem a procriação? Conceitos como “autodeterminação sexual”, “jogos sexuais” e “fantasias sexuais” começaram a produzir o seu efeito. Começou-se por afirmar e depois a acreditar que qualquer ato sexual praticado com outra pessoa poderia ser um ato de amor, desde que se desse num ambiente de liberdade e no âmbito de uma relação humana positiva.

Quem seguiu até aqui o raciocínio, dificilmente terá, evidentemente, qualquer possibilidade de argumentar por que razão esta visão das relações sexuais – dito sem qualquer eufemismo – não se aplicaria também ao sexo anal, indiferentemente de se tratar, nesse caso, de uma mulher ou de outro homem.

Isto significa que a [má interpretação da] “Humanae Vitae” teve repercussões a longo prazo e muito profundas, abriu a porta à ideologia homossexual e destruiu em não poucos católicos o “sistema imunológico” católico contra a ideia, no fundo monstruosa, de que uma vida em padrões homossexuais poderia ser admissível no seio do catolicismo.[...]

Assim, nos encontramos hoje perante uma poderosa ideologia no sentido do politicamente correto, a qual afirma com pretensões dogmáticas: a homossexualidade é uma variante boa da natureza e os atos homossexuais podem ser tão boa expressão de amor quanto uma união conjugal. Quem não aceita isso é preconceituoso e comete, se também pregar ou difundir tal ideia, uma ação imoral e até punível”.

Dom Andreas Laun, Bispo Auxiliar de Salzburgo,Prefácio. In: VAN DEN AARDWEG, Gerard. 
Homossexualidade e EsperançaLisboa: Diel,2003. grifos nossos.

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