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sexta-feira, 12 de abril de 2013

[QSH] É possível obter benefícios da aceitação dos sofrimentos e da prática da castidade?

Sim, pois disse Nosso Senhor a São Paulo: "Pois é na sua fraqueza que se manifesta minha força" (II Cor 12).

Dizendo isso, Jesus nos ensina que as fraquezas e os sofrimentos humanos, quando amparados pela graça de Deus, longe de levar à destruição, levam à conversão mais profunda e, assim, à vida. Este é o mistério da fé cristã : enquanto aceitamos que o sofrimento e a morte são reais, recusamos que estes sejam o fim da vida humana ou que o ser humano esteja irremediavelmente fadado a sucumbir, pois, por causa de Jesus Cristo, o sofrimento nos liberta da vida do homem velho e nos faz nascer, por Cristo, para a vida do homem novo. Sendo assim, sofrer no combate pela castidade, quando se sente atração pelo mesmo sexo, beneficia nossas almas na medida em que nos faz abandonar o homem velho e abraçar o homem novo, nascido do sacrifício de Nosso Senhor. Concretamente, isso significa que, pele vivência da castidade, recusando as tentações e avançando na maturidade sexual, abrimos mão dos nossos vícios e cultivamos as virtudes.

Nosso Senhor pela sua encarnação uniu-se a toda a humanidade para redimi-la e quis também que toda a humanidade, por meio dele, participasse dessa Redenção. Ele operou isso fazendo com que todos aqueles que pelo batismo estão incorporados a Ele, pela aceitação das suas debilidades, participassem com os seus sofrimentos, dos sofrimentos que Ele, como cabeça do corpo místico, sofreu na sua Paixão. Deste modo, para nós especificamente, a AMS é esta debilidade que nos foi confiada para colaborar no sacrifício redentor de Cristo, segundo aquilo que ensina São Paulo: "Agora me alegro nos sofrimentos que suporto por vós. Completo na minha carne o que falta a paixão de Cristo por seu corpo que é a Igreja" (Col 1,24).

Como explica Pe. C. P. Jones: "Nós cristãos somos guiados pela verdade de que os seres humanos são criados sob dois sexos, um masculino e outro feminino; de que sua atração sexual natural, um pelo outro, é vital para a totalidade e continuação da família humana; e de que, então, quando essa atração natural é interrompida por qualquer razão, ela é um tipo de sofrimento, um dentre muitos tipos de sofrimento que o homem enfrenta num mundo decaído. A questão posta por um cristão frente a esse ou outro sofrimento é sempre este: como isso pode ser redimido? Não explicado, nem eliminado, mas redimido" (Homilia para o XIV Domingo do Tempo Comum. 5 de julho de 2009. Acesso aqui).

Segundo o mundo, nós poderíamos fazer apenas duas coisas com as atrações pelo mesmo sexo: ou as atenderíamos, dentro das práticas homossexuais, ou as reprimiríamos. De toda sorte, para o mundo não há como elas servirem para nos levar até Deus. A favor ou contra, no mundo ninguém cogita que Deus possa usar a AMS, e as lutas que vêm com ela, para a nossa santificação. Acontece que a redenção de Nosso Senhor nos oferece essa terceira via: quando unimos a nossa cruz, de viver castamente enfrentando os desafios da AMS, à Cruz d'Ele, ao invés de nos levar à destruição, a AMS nos leva à vida, pois nos une mais intimamente a Deus e ainda nos concede muitos outros benefícios.

Mas a redenção supõe um caminho e este, por sua vez, supõe alguns passos. O primeiro passo deve ser o de reconhecer que as práticas homossexuais são antinaturais e não são boas, pois são contra a lei moral natural e estão em desacordo com o plano divino, tal como apresentado em Genesis. O segundo passo é reconhecer esta verdade: "eu tenho uma atração pelo mesmo sexo que não desejo, mas ela existe, está comigo contra a minha vontade, mas, posta em prática, ela não vai redimir o mundo, pelo contrário, ela só vai aumentar o número daqueles que desvirtuam o plano maravilhoso do Nosso Bom Deus". O terceiro passo é decidir-se por aceitar o plano de Deus e cumprir a Sua Santíssima Vontade.

Seguindo este caminho de redenção, que é oferecido por Nosso Senhor, nos beneficiamos enormemente.

Primeiro, porque nos salvamos. O caminho de Nosso Senhor, o caminho da redenção, é um caminho de Cruz e o único pelo pelo qual nos salvamos. Assim, seguindo os passos de Nosso Senhor, unindo nossos sofrimentos aos d'Ele dentro da perseverança na castidade e nas demais virtudes, conseguimos pelo mesmo Senhor a salvação: a vida eterna na comunhão com Deus e com os santos.

Segundo, porque nos libertamos da necessidade de escolher entre duas rotas que nos são apresentadas como as únicas opções, que são: ou aderimos às práticas homossexuais e vivemos segundo um estilo de vida gay, ou nos forçamos a uma vida heterossexual sexualmente ativa e corremos o risco de ter uma "vida dupla". Deus nos dá outra opção: a chance de sermos sinceros conosco mesmos (em admitir a realidade de nossa condição) e viver santamente, na prática da castidade.

Terceiro, porque na prática da castidade encontramos liberdade interior. "[...] Focando-se em unir as nossas intenções sexuais, submetendo as da carne às do espírito, a castidade direciona a nossa sexualidade a encontrar sua plenitude no amor cristão, um amor que é capaz de sacrificar-se pelo bem e salvação dos outros. Por isso, a castidade permite, primeiramente, que nós não sejamos escravizados pelos nossos desejos sexuais - ou seja, a castidade permite que resistamos à satisfação imediata e irrefletida dos nossos desejos sexuais, capacitando-nos a, diante das tentações, recusá-las. As tentações buscam nos seduzir com promessas falsas de realização pessoal pela satisfação de nossos desejos sexuais pelo mesmo sexo. Dizem: 'Você será feliz se você realizar suas fantasias e atender seus desejos sexuais pelo mesmo sexo'. Dizendo isso, nos influenciam a nos submeter a esses desejos, tornando-nos escravos deles, como também nos influenciam a negligenciar e, em casos graves, até mesmo recusar a vontade de Deus. Nesses momentos, cabe refletir se a satisfação de um desejo da carne vale a perda da satisfação de nosso espírito em estar em comunhão com Deus". ("Castidade: um chamado de Deus a todos". Acesso aqui)

A castidade, ela mesma, nos traz muitos benefícios.


Primeiro, porque "a castidade nos permite refletir e, assim conhecer, o grande valor da sexualidade humana, como também o belíssimo plano que Deus tem para ela. A castidade permite-nos ver que a sexualidade humana não é apenas o desejo por sexo, mas que ela envolve o modo como agimos, pensamos e sentimos ( como homens, se por Deus feitos homens; ou como mulheres, se por Deus feitas mulheres). Além disso, a castidade permite entender que sexualidade faz parte de um plano divino de vida unitiva, em que, no matrimônio, homem e mulher se unem e frutificam em filhos (segundo a providência de Deus) e em virtudes, e em que, no celibato, homem e mulher unem-se a Deus e frutificam em filhos espirituais e em virtudes." (ibidem)

Segundo, porque "a castidade também nos permite ver os outros como filhos e filhas de Deus e, não, como meros objetos de prazer. Por isso, ela nos dá abertura maior às relações mais maduras e às verdadeiras amizades. A castidade permite-nos ainda ter uma visão equilibrada e bonita de todas as relações humanas." (ibidem)

Terceiro, porque "ganhamos mais confiança em nós mesmos, cultivamos paz interior e, principalmente, aprendemos a valorizar verdadeiramente nós mesmos. Isso porque a castidade nos ajuda a cumprir nossos bons propósitos, submete as intenções da carne às intenções do espírito (livrando-nos do conflito interior entre elas), e nos faz olhar para nosso corpo como criação de Deus. Pela vivência da castidade, acolhemos com grande alegria o ensinamento das Sagradas Escrituras de que somos feitos à imagem e à semelhança de Deus (Gn I, 26) e de que somos templos do Espírito Santo (I Cor VI, 19). Já não nos consideramos mais simples corpos físicos submetidos à força imperiosa dos desejos da carne, mas nos consideremos pessoas (por isso, dotadas também de espírito), criados livres por Deus para que, por nossa escolha, sejamos gloriosos templos de adoração ao Deus Vivo" (ibidem).

Quarto, porque "segundo nosso empenho e segundo a providência de Deus, a castidade pode nos ajudar a superar nossa condição por completo. Mas, em caso contrário, não há razão para desespero. Isso porque a castidade nos beneficia com a alegria da comunhão com Deus, pois estamos fazendo a vontade Dele" (ibidem).

Nossa luta pela castidade pode beneficiar também os outros. Nós, seres humanos, estamos ligados por uma mesma natureza e, portanto, compartilhamos algumas coisas, como, por exemplo, o progresso e desenvolvimento moral e social deste mundo. Quando aceitamos viver de acordo com a Vontade de Deus, colaboramos diretamente para o progresso e desenvolvimento da sociedade, no sentido mais pleno, mas o contrário também é verdade (sobre isso, é de grande ajuda ler o livro "Como vencer a guerra cultural" de Peter Kreeft. As sociedades precisam de santos). A redenção se operará tanto mais o pecado for perdendo força neste mundo e tanto mais este mundo for sendo conquistado para Cristo e se purificando do pecado, deixando-se lavar e alvejar no sangue do Cordeiro.

Além do benefício social, nossa luta pode ajudar espiritualmente outras pessoas, de outras maneiras. A Santa Igreja nos ensina e incentiva a todos, os cristãos, que podemos oferecer nosso sofrimento em reparação das ofensas feitas a Deus ou em intenção de outras pessoas. Do primeiro modo, beneficiamos aqueles que não creem em Deus ou não se esforçam por agradá-lo, para que Deus os agracie com a graça da conversão ou para que, no seu julgamento, Deus exerça mais Sua misericórdia do que Sua justiça. Do segundo modo, beneficiamos aqueles que, como nós, buscam fazer a vontade de Deus e enfrentam suas cruzes, às vezes com mais ânimo, às vezes com menos ânimo - quando nos pedem que por eles rezemos e ofereçamos nossos sacrifícios e atos de piedade. Nós damos a Deus nossos pequenos gestos de amor e de sacrifício e confiamos que Ele, como Pai zeloso e providente, enriqueça-os infinitamente com os méritos de Nosso Senhor e com as graças do Espírito Santo e reverta tudo em benefício a nossos irmãos na fé: para que recebam aquilo que precisam em certa circunstância ou na conquista da glória celeste.

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