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domingo, 9 de outubro de 2011

[Esp] Rosário e devoção à Santíssima Virgem

A solenidade do Santo Rosário nos convida a contemplar os mistérios do nascimento, morte e ressurreição de Jesus pelos olhos imaculados de Maria. Nosso Senhor é claro quando nos diz que os olhos são a lâmpada do corpo, pois brilham como a alma brilha e indicam o que a alma indica. Uma alma que não arde por amor a Deus, está apagada e, em seu interior, há apenas escuridão e frio. Porém, a alma que é fervorosa, crendo contra toda dúvida, esperando contra toda desventura e amando contra todas as ofensas, é incendiada pelo fogo do Espírito Santo e seus olhos transparecem esse lume. Ousamos dizer, como Igreja, que não há entre as criaturas olhos como os de Maria. Pois, Nosso Senhor disse que os puros de coração verão a Deus. Ora, haverá coração mais puro do que aquele que nunca pecou? Por isso, não é um olhar qualquer o da Santíssima Virgem. 

"Como és formosa, amiga minha! Como és bela! Teus olhos são como pombas" (Cântico dos cânticos I, 15).

Seus santos olhos veem o que o pecado nos impede. O mesmo diz Santo Afonso Maria de Ligório, quando diz que não há fé maior que a da Santíssima Virgem:

"A fé de Maria exedeu a de todos os homens e a de todos os anjos. Em Belém, viu seu Filho no estábulo e acreditou nele como criador do mundo. Vi-o fugir de Heródes e nunca sua fé hesitou em ver nele o Rei dos reis. Vi-o nascer e acreditou que Ele era o Eterno. Vi-o pobre, de tudo desprovido, e acreditou nele como Senhor do universo. Vi-o reclinado nas palhas e adorou-o como Onipotente. Viu-o sem pronunciar palavra e acreditou que Ele era a Sabedoria Eterna. Ouvi-o chorar e reconheceu-o como a Alegria do Paraíso. Vi-o, por fim, morrer, exposto a todos os insultos, pregado na cruz, e, embora a fé de todos vacilasse, Maria perseverou na crença inviolável de que Ele era Deus".

Haverá alma que se iguale a essa? A verdade é que nossas almas são frias, pois nossa fé é muito pequena, ainda menor que um grão de mostarda. Porém, Deus não nos abandona. Seu amor é para sempre, como dizem os Salmos. O Senhor é a luz que ilumina nossas vidas, como diz Santo Agostinho: a vida de nossas vidas. Dentro de nós, ainda há um fogacho do Amor infinito, uma pequena chama acesa pela Misericórdia Divina. Não há razão para desespero, quando, meditando os mistérios do Santo Rosário, relembramos a obra da redenção. Como diz o próprio termo, Jesus redirecionou nossas vidas. Estávamos caindo no precipício, dentro da armadilha armada por nossos inimigos — que desejam nossa condenação —, mas o Cristo salvou-nos. O encarnação daquele que é Deus deu-nos o Verdadeiro Pão, a Palavra que sai da boca de Deus. A humilhação do Rei revestiu-nos de glória. A morte daquele que é a Vida pagou nossas dívidas. A ressurreição do Santo deu-nos a vida eterna. A ascensão daquele que é o Caminho abriu-nos as estradas do Paraíso.       

Direcionamo-nos a Maria, porém, pelas suas delicadas mãos, somos conduzidos a Jesus. Nós dizemos: Ad te clamamus exules fillii Hevae, isto é, gritamos a ti, Santíssima Mãe do Senhor, pedindo por sua compaixão, nós que pertencemos à geração corrupta da desobediência de Eva, nós que fomos expulsos da Pátria Celeste, nós que vivemos exilados neste mundo — onde sofremos as consequências dos nossos erros e dos erros dos nossos Pais do Éden —, nós que somos degredados, ou seja, homens e mulheres tidos como criminosos, postos em barcos para longe do Paraíso, nós que vagamos nesses mares tempestuosos, perdidos, arrependidos, em busca da nossa terra natal, nós te pedimos, adote-nos como filhos teus.  Ouvindo esse apelo, socorre-nos prontamente esta que é o refúgio dos pecadores. Sob seu manto, caminhamos como pecadores encolhidos por nossa vergonha, até diante do Senhor, a quem somos apresentados como filhos. 

Bem disse Nosso Senhor: "Mulher, eis aí teu filho". Recordando-se da promessa do Gênesis, o Filho de Deus cumpre a promessa ameaçadora feita à serpente: "Porei inimizade entre ti e a mulher. Ela te esmagará a cabeça". É certo que Maria esmagou a cabeça de satanás, por sua humildade e por sua fé em Deus.

Por isso, pedimos a Santíssima Virgem que nos acolha como filhos seus. Vivemos em um verdadeiro vale de lágrimas. Somos ludibriados todos os dias pela falsa felicidade do pecado. A cada dia, parece que nos afastamos mais da Pátria Celeste, perdidos nos mares deste mundo, amedrontados pelas tempestades, famintos do Pão do Céu e sequiosos da Água da Vida. Queremos que nossas almas sejam novamente inflamadas pelo amor de Deus, assim como os serafins que se consomem pelo fogo do Amor, diante do trono de Deus. Queremos que nossos olhos sejam restaurados pela fé.



Pedimos a ti, Santa Maria, Mãe de Deus, roga por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.   
Salve Maria

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