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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

[Mgst] O fim do amor conjugal


Caríssimos, nesta semana, apresentamos novamente a nossa coluna de formações sobre a sexualidade oriundas do Magistério da IgrejaO presente post começamos a  tratar da questão dos fins da união entre o homem e a mulher.


“Os ‘valores da pessoa’ e a necessidade de respeitá-los é um tema que desde dois decênios ocupa sempre mais os escritores. Em muitas de suas elucubrações também o ato especificamente sexual tem seu lugar assinalado para fazê-lo servir à pessoa dos cônjuges O sentido próprio e mais profundo do exercício do direito conjugal deveria consistir nisto: que a união dos corpos fosse expressão e atuação da união pessoal e afetiva.

Artigos, capítulos, livros inteiros, conferências, especialmente sobre a ‘técnica do amor’, difundem estas idéias e as ilustram com advertência aos jovens esposos como guia no matrimônio, para que eles não descurem, por estultice ou pudor mal entendido ou por infundado escrúpulo, aquilo que Deus, criador também das inclinações naturais, lhes oferece. Se deste completo dom recíproco dos cônjuges surge uma vida nova, ela é um resultado que fica fora ou ao máximo à periferia dos ‘valores da pessoa’, resultado que não se nega, mas não se quer que esteja no centro das relações conjugais.

Ora, se esta apreciação relativa não fizesse senão acentuar o valor da pessoa dos esposos, mais do que o valor da prole, poder-se-ia a rigor deixar de parte tal problema; mas aqui se trata pelo contrário de uma grave inversão da ordem dos valores e dos fins colocados pelo próprio Criador. Encontramo-nos diante da propagação de um complexo de ideias e de afetos, diretamente opostos à clareza, à profundidade e à seriedade do pensamento cristão.

Ora a verdade é que o matrimônio, como instituição natural, em virtude da vontade do Criador, não tem como fim primário e íntimo o aperfeiçoamento pessoal dos esposos, mas a procriação e a educação da nova vida.  Os outros fins, embora também esses visados pela natureza, não se encontram no mesmo grau do primeiro, e de modo algum lhe são superiores, mas, pelo contrário, são essencialmente subordinados ao mesmo. Isto vale para cada matrimônio, ainda que infecundo; como de cada olho podemos dizer que foi destinado e formado para ver, ainda que em casos anormais, por especiais condições internas e externas, não é mais apto para a percepção visual.

Queremos talvez com isto negar ou diminuir quanto há de bom e de justo nos valores pessoais resultantes do matrimônio e de sua atuação?


Não certamente, pois que à procriação da nova vida o Criador destinou, no matrimônio, seres humanos feitos de carne e de sangue, dotado de espírito e de coração e eles são chamados, enquanto homens e não como animais irracionais, a serem os autores de sua descendência. Para tal requer o Senhor a união dos esposos. Realmente! De Deus, a Sagrada Escritura diz que criou o homem a sua imagem, e o criou homem e mulher, e quis – como muitas vezes encontramos nos Livros Sagrados – que “o homem abandonasse o pai e a mãe, e se unisse a sua mulher, e formasse uma só carne” (cf. Gn 2,24).

Tudo isto é portanto algo verdadeiro e querido por Deus; mas não deve ser separado da função primária do matrimônio, isto é, do serviço pela nova vida. Não somente a obra comum da vida externa, mas também todo o enriquecimento pessoal, o próprio enriquecimento intelectual e espiritual, até tudo o que há de mais espiritual e profundo no amor conjugal como tal foi colocado por vontade da natureza e do Criador, ao serviço da descendência. Por sua natureza, a vida conjugal perfeita significa também a dedicação total dos progenitores em benefício dos filhos, e o amor conjugal em sua força e em sua ternura é ele próprio um postulado da mais sincera solicitude pela prole e a garantia da sua atuação.”


[Venerável Pio XII, Alocução aos esposos cristãos, 29.X.1951].

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