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domingo, 9 de junho de 2013

[Tst] David Morrison: Fora do armário e dentro da castidade... [I]

[Apresentamos o testemunho do nosso irmão americano David Morrison, que sera narrado em 5 capitulos. Ele conta um belissimo testemunho de como deixar o ativismo gay pela vida de castidade segundo o ensinamento da Santa Igreja, através do nosso apostolado. Agradecemos ao irmão João Css, do blog 'Conhecendo AMS' pela tradução]


Minha jornada de abandonar o ativismo dos direitos homossexuais e optar viver uma vida católica casta, começou seriamente, quando eu li os textos de um moderno mártir protestante, Dietrich Bonhoeffer.

Além das lutas contra o aborto e a eutanásia, não deve haver maior batalha hoje na Igreja do que a polêmica sobre o homossexualismo. Em um tempo que a Igreja enfrenta a tempestade do abuso de coroinhas por sacerdotes, quando grupos de direitos gay fazem da Missa alvo de demonstrações sacrílegas, e quando o clero desobediente preside “casamentos” entre o mesmo sexo, não é de se admirar que Católicos Tradicionais abordem pouco o tema, mas com confusão, frustração e raiva. A maioria dos católicos nos bancos não aceitam a homossexualidade, não querem entendê-la, e desejam, principalmente, que o tema vá embora – ou ao menos que volte ao armário “aonde isto pertence”. Outros, a minoria, associados em particular com a bancada da dignidade dos gays, só ficam muito contentes em ter o tema discutido – desde que esta discussão leve na direção de a Igreja mudar sua doutrina sobre os atos homossexuais.

Tanto como um ex-ativista homossexual quanto um atual fiel católico, comprometido com a Castidade, eu exorto que todos os Católicos, leigos e clérigos, unam-se para pregar a plenitude do ensinamento da Igreja sobre este assunto. Eu imploro isso porque eu acredito que isso seja um ensinamento cheio de dignidade, verdade e auto-respeito para todas as pessoas, uma vez que, se pregado com integridade e firmeza, trará muitos para uma vida plena com Jesus Cristo.

Para fazer isto, eu irei começar contando um pouco da minha própria história. Eu faço isso, não para tornar público algo que deveria ser privado, mas porque muito das discussões públicas sobre o assunto ou é tendencioso ou é distante da realidade da vida das pessoas homossexuais.

Minha jornada de ser um ativista dos direitos homossexuais a viver uma vida católica casta, começou seriamente, quando eu li os textos de um moderno mártir protestante, Dietrich Bonhoeffer. Antes de ler Bonhoeffer, minha pequena vida cristã foi marcada primeiramente por minha troca do ativismo dos direitos gays para um ativismo similar nos bancos da igreja anglicana. 

A orientação homossexual e a vida que eu construí em torno dela eram tão centrais à minha identidade primária que eu não conseguia entender como alguém poderia se opor ao que eu estava fazendo. Desaprovação, dúvidas, objeções de todos os tipos só podiam ser o resultado de uma confusão sobre o que a Bíblia diz sobre homossexualidade ou intolerância total.

Afinal, eu era a prova viva de que as pessoas homossexuais podiam ter uma vida sexualmente ativa que fosse tanto espiritual como temporariamente satisfatória. Eu tinha um amante de cinco anos, um condomínio em uma grande área urbana, um trabalho gratificante, e uma vida de igreja como um episcopal, que, embora não fosse perfeita, ainda era um tesouro. O que mais eu poderia querer? No entanto, na oração e nos momentos de calma reflexão, não pude deixar de notar alguns espinhos que escorregavam na minha vida “alegremente” modelada.

Como um ativista comprometido que eu era, eu tinha que admitir a superficialidade e a pura improbabilidade de muitos teólogos e estudiosos simpatizantes com a causa gay, no que diz respeito à Bíblia e aos atos homossexuais. Além da observação sólida de que a Bíblia não discute a orientação homossexual por si só, autores tão diversos como John McNeill (ex-SJ), Sylvia Pennington, John Boswell, e Virginia Molenkott foram criando especulações bíblicas que, embora criativas, pediam ao seu público para que suspendessem a crença sobre o significado claro do Texto original.

Quando se discute o que o apóstolo Paulo ‘realmente’ queria dizer quando ele condenou os atos homossexuais em Rm 1,18-23 e 1 Cor 6, 8-11, os autores alegam que Paulo deveria estar condenando algo diferente das relações homossexuais de hoje, já que ele poderia não ter conhecido ninguém que confessou sua própria orientação homossexual. Um argumento para abençoar os atos homossexuais foi baseado neste raciocínio, e isto me fazia concluir que, se Paulo conhecesse a orientação sexual dos participantes, ele poderia ter aprovado os atos, embora nada em suas outras cartas indicasse que seria dessa forma.

Da mesma forma, as condenações contra atos homossexuais em Levítico foram derrubadas com a sugestão de que os atos condenados tinham mais a ver com o ritual de prostituição do que com a homossexualidade ‘amorosa’. Sodoma e Gomorra foram destruídas (cf. Gn 19,1-25), estes autores alegam, não por causa do escândalo homossexual, mas porque as pessoas das cidades eram gananciosas, corruptas e inóspitas a estranhos.

Cada um deles, ao reivindicar a fidelidade à exegese bíblica tradicional, levou a interpretação a uma nova direção radical e ignoraram a forte possibilidade de que a ganância, a corrupção e a falta de hospitalidade poderiam ter ido de mãos dadas com a ofensa homossexual. Seria razoável supor que os atos homossexuais não tinham nada a ver com a destruição das cidades, tendo em vista a grande parte que eles desempenharam na fuga dramática de Lot

Então, havia pequenas rachaduras na fundamentação teórica sobre a qual eu tinha construído a minha vida. Também houve problemas na forma como eu via a "teologia gay" vivida à minha volta. Muitos dos gays cristãos que eu conhecia pouco se diferenciavam em suas vidas dos gays pagãos, agnósticos e ateus. Os cultos cristãos homossexuais, enquanto que por algumas vezes de adoração, foram também casualmente tão sexualmente carregados e "pontos" de procura de parceiros sexuais quanto a maioria dos bares que visitei. Logo no início eu decidi tentar fazer da vizinhança não-gay da paróquia Episcopal meu lar espiritual, e minha experiência lá, contrastou fortemente com o que eu vi do "culto" gay, forçando-me a admitir que muitos dos meus argumentos em favor do cristianismo gay foram modelados mais em um ideal teórico do que na experiência prática.

A última fonte da dúvida “pré-Bonhoeffer” veio das amizades que fiz com os não-gays, cristãos teologicamente ortodoxos. Ali estavam pessoas que pelo que já tinham me dito, deveriam odiar o próprio chão que eu pisasse e me desprezariam por causa da minha orientação sexual. Afinal de contas, muitos dos gays não tinham ido para as cidades para fugir de cristãos tradicionais? No entanto, as pessoas que encontrei me amaram, mesmo quando discordavam veementemente das escolhas que eu estava fazendo na minha vida. Concordância, eu vim a perceber que podia ser bom, mas que não era um pré-requisito para a amizade e afeto real. A terra estava madura para o Espírito Santo trabalhar a revolução, e esta revolução começou de uma forma dramática, com Dietrich Bonhoeffer.

Lembro-me claramente do dia. Foi no início da primavera e da chuva. Meu então namorado e eu passamos a maior parte do dia miserável em um shopping e nos dividimos para buscarmos nossos próprios interesses, ele nas roupas e eu nos livros. Eu estava em uma livraria de desconto, debruçado sobre uma pilha desorganizada de livros, quando eu vi, o “The Cost of Discipleship[1], de Dietrich Bonhoeffer. Eu o abri, e ainda me lembro da primeira frase como se eu estivesse lendo agora: “A graça barata é a inimiga mortal de nossa Igreja. Estamos lutando hoje por graça de alto custo.”

[continua...]



[1] Traduzido para o português com o titulo de 'Discipulado' pela editora Sinodal.

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