[Apresentamos o testemunho do nosso irmão americano David Morrison, que sera narrado em 5 capitulos. Ele conta um belissimo testemunho de como deixar o ativismo gay pela vida de castidade segundo o ensinamento da Santa Igreja, através do nosso apostolado. Agradecemos ao irmão João Css, do blog 'Conhecendo AMS' pela tradução]
Minha
jornada de abandonar o ativismo dos direitos homossexuais e optar viver uma
vida católica casta, começou seriamente, quando eu li os textos de um moderno
mártir protestante, Dietrich Bonhoeffer.
Além das
lutas contra o aborto e a eutanásia, não deve haver maior batalha hoje na
Igreja do que a polêmica sobre o homossexualismo. Em um tempo que a Igreja
enfrenta a tempestade do abuso de coroinhas por sacerdotes, quando grupos de
direitos gay fazem da Missa alvo de demonstrações sacrílegas, e quando o clero
desobediente preside “casamentos” entre o mesmo sexo, não é de se admirar que
Católicos Tradicionais abordem pouco o tema, mas com confusão, frustração e
raiva. A maioria dos católicos nos bancos não aceitam a homossexualidade, não
querem entendê-la, e desejam, principalmente, que o tema vá embora – ou ao
menos que volte ao armário “aonde isto pertence”. Outros, a minoria, associados
em particular com a bancada da dignidade dos gays, só ficam muito contentes em
ter o tema discutido – desde que esta discussão leve na direção de a Igreja
mudar sua doutrina sobre os atos homossexuais.
Tanto como um ex-ativista homossexual quanto um atual
fiel católico, comprometido com a Castidade, eu exorto que todos os Católicos,
leigos e clérigos, unam-se para pregar a plenitude do ensinamento da Igreja
sobre este assunto. Eu imploro isso porque eu acredito que isso seja um
ensinamento cheio de dignidade, verdade e auto-respeito para todas as pessoas,
uma vez que, se pregado com integridade e firmeza, trará muitos para uma vida
plena com Jesus Cristo.
Para
fazer isto, eu irei começar contando um pouco da minha própria história. Eu
faço isso, não para tornar público algo que deveria ser privado, mas porque
muito das discussões públicas sobre o assunto ou é tendencioso ou é distante da
realidade da vida das pessoas homossexuais.
Minha
jornada de ser um ativista dos direitos homossexuais a viver uma vida católica
casta, começou seriamente, quando eu li os textos de um moderno mártir
protestante, Dietrich Bonhoeffer. Antes de ler Bonhoeffer, minha pequena vida
cristã foi marcada primeiramente por minha troca do ativismo dos direitos gays
para um ativismo similar nos bancos da igreja anglicana.
A
orientação homossexual e a vida que eu construí em torno dela eram tão centrais
à minha identidade primária que eu não conseguia entender como alguém poderia
se opor ao que eu estava fazendo. Desaprovação, dúvidas, objeções de todos os
tipos só podiam ser o resultado de uma confusão sobre o que a Bíblia diz sobre
homossexualidade ou intolerância total.
Afinal,
eu era a prova viva de que as pessoas homossexuais podiam ter uma vida
sexualmente ativa que fosse tanto espiritual como temporariamente satisfatória.
Eu tinha um amante de cinco anos, um condomínio em uma grande área urbana, um
trabalho gratificante, e uma vida de igreja como um episcopal, que, embora não
fosse perfeita, ainda era um tesouro. O que mais eu poderia querer? No entanto,
na oração e nos momentos de calma reflexão, não pude deixar de notar alguns
espinhos que escorregavam na minha vida “alegremente” modelada.
Como um
ativista comprometido que eu era, eu tinha que admitir a superficialidade e a
pura improbabilidade de muitos teólogos e estudiosos simpatizantes com a causa
gay, no que diz respeito à Bíblia e aos atos homossexuais. Além da observação
sólida de que a Bíblia não discute a orientação homossexual por si só, autores
tão diversos como John McNeill (ex-SJ), Sylvia Pennington, John Boswell, e
Virginia Molenkott foram criando especulações bíblicas que, embora criativas,
pediam ao seu público para que suspendessem a crença sobre o significado claro
do Texto original.
Quando se
discute o que o apóstolo Paulo ‘realmente’ queria dizer quando ele condenou os
atos homossexuais em Rm 1,18-23 e 1 Cor 6, 8-11, os autores alegam
que Paulo deveria estar condenando algo diferente das relações homossexuais de
hoje, já que ele poderia não ter conhecido ninguém que confessou sua própria
orientação homossexual. Um argumento para abençoar os atos homossexuais foi
baseado neste raciocínio, e isto me fazia concluir que, se Paulo conhecesse a
orientação sexual dos participantes, ele poderia ter aprovado os atos, embora
nada em suas outras cartas indicasse que seria dessa forma.
Da mesma
forma, as condenações contra atos homossexuais em Levítico foram derrubadas com
a sugestão de que os atos condenados tinham mais a ver com o ritual de
prostituição do que com a homossexualidade ‘amorosa’. Sodoma e Gomorra foram
destruídas (cf. Gn 19,1-25), estes autores alegam, não por causa do escândalo
homossexual, mas porque as pessoas das cidades eram gananciosas, corruptas e
inóspitas a estranhos.
Cada um deles,
ao reivindicar a fidelidade à exegese bíblica tradicional, levou a
interpretação a uma nova direção radical e ignoraram a forte possibilidade de
que a ganância, a corrupção e a falta de hospitalidade poderiam ter ido de mãos
dadas com a ofensa homossexual. Seria razoável supor que os atos homossexuais
não tinham nada a ver com a destruição das cidades, tendo em vista a grande
parte que eles desempenharam na fuga dramática de Lot?
Então,
havia pequenas rachaduras na fundamentação teórica sobre a qual eu tinha
construído a minha vida. Também houve problemas na forma como eu via a
"teologia gay" vivida à minha volta. Muitos dos gays cristãos que eu
conhecia pouco se diferenciavam em suas vidas dos gays pagãos, agnósticos e
ateus. Os cultos cristãos homossexuais, enquanto que por algumas vezes de
adoração, foram também casualmente tão sexualmente carregados e
"pontos" de procura de parceiros sexuais quanto a maioria dos bares
que visitei. Logo no início eu decidi tentar fazer da vizinhança não-gay da
paróquia Episcopal meu lar espiritual, e minha experiência lá, contrastou
fortemente com o que eu vi do "culto" gay, forçando-me a admitir que
muitos dos meus argumentos em favor do cristianismo gay foram modelados mais em
um ideal teórico do que na experiência prática.
A última
fonte da dúvida “pré-Bonhoeffer” veio das amizades que fiz com os não-gays,
cristãos teologicamente ortodoxos. Ali estavam pessoas que pelo que já tinham
me dito, deveriam odiar o próprio chão que eu pisasse e me desprezariam por
causa da minha orientação sexual. Afinal de contas, muitos dos gays não tinham
ido para as cidades para fugir de cristãos tradicionais? No entanto, as pessoas
que encontrei me amaram, mesmo quando discordavam veementemente das escolhas
que eu estava fazendo na minha vida. Concordância, eu vim a perceber que podia
ser bom, mas que não era um pré-requisito para a amizade e afeto real. A terra
estava madura para o Espírito Santo trabalhar a revolução, e esta revolução
começou de uma forma dramática, com Dietrich Bonhoeffer.
Lembro-me
claramente do dia. Foi no início da primavera e da chuva. Meu então namorado e
eu passamos a maior parte do dia miserável em um shopping e nos dividimos para
buscarmos nossos próprios interesses, ele nas roupas e eu nos livros. Eu estava
em uma livraria de desconto, debruçado sobre uma pilha desorganizada de livros,
quando eu vi, o “The Cost of Discipleship”[1],
de Dietrich Bonhoeffer. Eu o abri, e ainda me lembro da primeira frase como se
eu estivesse lendo agora: “A graça barata é a inimiga mortal de nossa Igreja.
Estamos lutando hoje por graça de alto custo.”
[continua...]
[1] Traduzido para o português com o titulo de 'Discipulado' pela editora Sinodal.
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