pelo Padre Émile Neubert
[Em seu "Plano espiritual para redicionar a vida para o homossexual de hoje", o padre John Harvey, nosso fundador, sugere que a pessoa com AMS, além de outros elementos para o plano de vida, tenha alguma forma de devoção à Virgem Maria e aos santos. A verdadeira devoção a Maria, como ensina S. Luís Maria Grignion de Montfort, é sinal de predileção do Céu. Maria venceu o mundo e o demônio e é exemplo para nós, seus filhos e filhas que temos a batalha diária com a atração pelo mesmo sexo. Como Mãe da pureza, Maria vela particularmente por cada um de nós, para que tenhamos, por sua intercessão, a graça necessária para alcançarmos a castidade de corpo e de coração. Entreguemo-nos, assim, ao cuidado de nossa Mãe do Céu e repitamos, sem cessar, em todos os momentos, a cada dificuldade que se apresentar em nossa batalha, a jaculatória tão conhecida: Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós.]
A Imaculada Conceição é em
primeiro lugar um mistério de pureza singular. Existem no céu e na terra almas
totalmente puras, entretanto a pureza da Imaculada foi única, pois só Maria foi
pura desde a sua conceição; é também
única pela revogação da lei universal decorrente do pecado original, que só
existiu neste mistério. É verdade que nossos primeiros pais e os anjos foram
criados imaculados, mas neles a ausência do pecado estava de acordo com a lei
da sua condição. Maria, pelo contrário, foi sempre imaculada apesar da sua
condição, que a sujeitaria ao pecado original da mesma forma que se aplicou aos
outros seres humanos. As consequências desse privilégio único foram também
únicas: plenitude de graça, dons de integridade, perfeição espiritual e
corporal. A Imaculada Conceição foi também uma preparação para a maternidade
divina, que em Maria é outra dignidade única.
Por ser a Imaculada
Conceição um mistério de pureza, é também um mistério de amor, pois a pureza é
uma condição para o amor a Deus. Desse ponto de vista, a pureza original de
Maria deve agradar sumamente a Deus, mais ainda do que sua pureza virginal,
pois poderia não ofender a Deus se sacrificasse a segunda, ao passo que sem a
justiça original Ela estaria privada dessa pureza sem a qual a amizade com Deus
não é possível. Graças à sua pureza original, seu amor a Deus adquire uma
característica inteiramente singular. Compare-se isso com a diferença de
sentimentos entre uma esposa que admitiu um pensamento de infidelidade a seu
marido durante um momento e outra que sempre manteve inviolável a fidelidade; ou
ainda a que existe entre uma alma que num só instante consentiu numa sugestão
má, e outra que, em meio a todos os ataques de Satanás, conservou sua pureza
batismal. Por mais que as duas primeiras de ambos os exemplos tenham reparado
suas faltas, nos corações das outras duas há uma satisfação íntima que lhes dá
a consciência de terem sido sempre fiéis. Uma satisfação assim, porém
incomparavelmente maior, deve ser a de Maria, por jamais ter permanecido em
estado de inimizade com Deus. Como Imaculada, Ela se sente a filha bem amada do
Pai, abraça seu Filho e se une ao Espírito Santo, com simplicidade, confiança e
delicadeza de amor que só pertencem a Ela, pois somente nela não existe a
lembrança de um momento em que tal atitude foi permitida.
Nós participamos da alegria
da Imaculada, exaltamos ante o pensamento de que uma criatura humana livrou-se
inteiramente das tentações de Satanás, e sabemos também que essa criatura é
nossa Mãe, nascida de uma raça universalmente manchada, mas se manteve mais
pura e brilhante do que o mais sublime dos anjos.
Pelo mistério da Imaculada
Conceição, Maria triunfou sobre Satanás, autor de todo mal, com um triunfo sem
precedentes. Sob o calcanhar dela, Satanás sofreu sua primeira derrota
completa, absoluta e irreparável, como jamais sofrera desde o início do mundo. Foi
um triunfo a própria proclamação desse mistério, apesar de tantos obstáculos. Pela
sua proclamação, a solene afirmação do reino da graça triunfou contra o
materialismo invasor, que parecia desfechar os últimos golpes sobre a fé em
realidades sobrenaturais; e ao mesmo tempo reafirmou a autoridade pontifícia,
num momento histórico em que todos os poderes humanos e infernais estavam
conluiados contra Ela.
A Imaculada Conceição não
faz lembrar apenas o longínquo triunfo da Virgem no dia de sua conceição no
seio de Santa Ana, ou sua glorificação por todo o universo católico em 1854.
Trata-se do símbolo e anúncio de um triunfo mais amplo e mais durável. Somos interessados
nesse triunfo, pois pertence também a nós a causa de Maria, que juntamente com
sua posteridade deve esmagar a cabeça da serpente, e essa posteridade somos
nós, começando por Jesus. A guerra entre o demônio e a raça da Mulher, que
começou no início do mundo, durará até o fim dos tempos, e a glorificação da
Imaculada Conceição deu realce surpreendente ao papel da Mulher nessa guerra.
Cada vez mais manifestamente, é sob a direção dela – Maria duce – que a luta deve prosseguir; e para sermos vencedores,
é em seu nome que os soldados devem combater. Com Ela a vitória é certa, pois
debaixo dos seus pés a serpente se contorce impotente. Portanto, a Imaculada
Conceição é um triunfo para Maria, mas também para nós.
A definição desse privilégio
foi a proclamação do reino de Maria nos tempos atuais e do apostolado mariano
completo, que é o apostolado por meio dela e sob o seu comando. Isso é o que
todos os católicos sentiram, pelo menos vagamente. Alguns o compreenderam
claramente, inspirando-se nessa indicação providencial para imprimir orientação
francamente mariana à sua vida e ao seu apostolado. E os fatos deram razão à
sua fé.
(Neubert, Padre Émile. Maria Santíssima como a Igreja ensina. São Paulo: Petrus, 2013)
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