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quinta-feira, 14 de julho de 2016

[FH] Como lidar com o hábito da masturbação?


PRISIONEIROS DO VÍCIO


A Santa Igreja ensina, seguindo a tradição apostólica, que o corpo humano é templo de Deus e, por isso, é algo sagrado. Hoje, existem vozes que defendem que o corpo nada mais é que carne e, assim, acabam por entendê-lo como mais um instrumento a serviço dos desejos de cada um. Consonante com as vozes de hoje, o hábito da masturbação é nada mais que o uso do próprio corpo para a obtenção de prazer. Mas isso nada mais é que desvalorizar o que somos. Na masturbação, vemo-nos como objetos e, não, como filhos de Deus, criados a imagem e semelhança divinas, escolhidos para ser sacrários vivos, terras santas e fecundas, templos de adoração ao Deus Vivo.


Um dos fundadores do Apostolado Coragem, Pe. John Harvey, escreveu sobre o assunto em “O problema pastoral da masturbação” (no inglês, The pastoral problem of masturbation [PPM]).
“Nós não entenderemos porque uma pessoa carrega o peso deste hábito a menos que nós saibamos algo a respeito do seu passado, das suas vivências e do contexto maior da sua vida *. Ouvindo às pessoas, discerne-se que a solidão é o primeiro movente, levando o indivíduo ao isolamento, à fantasia e à masturbação. A solidão é comumente acrescida de sentimentos profundos de ódio de si mesmo e de raiva. Quando o mundo real é desagradável e proibitivo, volta-se à fantasia. E quando se gasta muito tempo num mundo fantasioso, torna-se escravizado pelos objetos sexuais (pois este é jeito que vê outras pessoas: como objetos). Por conseguinte, fugirá para o irreal (porém prazeroso) mundo de sua imaginação. Isto é o começo do vício sexual, tão bem descrito por Patrick Carnes (em Out of the Shadows, de 1983, e Contrary to Love, de 1989)” (HARVEY. PPM: Factors contributing to the habit of masturbation, p.2)
Primeiramente, é preciso dar atenção ao uso de “hábito” por Pe. Harvey. O que ele tem em mente é a prática constante da masturbação, quando esta já se tornou um vício sexual, algo compulsivo. Nesse caso, Pe. Harvey defende que a solidão é o que primeiro motiva a hábito da masturbação. Diante dum mundo que causa dor, que diz “não”, que impõe limites e obstáculos à satisfação dos desejos, alguém que não consegue lidar com isso, fecha-se em si mesmo e afasta-se de tudo quanto lhe causa desgosto. Na sua solidão, cria em sua imaginação um mundo de prazer e de satisfação, mundo em que as pessoas nem nada oferecem resistência. A masturbação soma-se a isso como uma forma de obter prazer sem ter de lidar com o outro (e seus problemas e necessidades), nem com riscos (como pegar doenças), nem com adversidades. Com o tempo, adquirido o hábito, consolidam-se a postura de fuga do mundo e a visão do outro como instrumento de prazer, e isso é refletido nas relações que essa pessoa tem com os outros.



Uma vez entendido isso, resta a pergunta: como superar essa condição? Pe. Harvey responde essa pergunta dizendo “Parece, porém, que a atitude correta é a de tratar a masturbação habitual ou compulsiva como problemas abertos para solução desde que a pessoa siga um programa espiritual” (Pastoral approaches to masturbation, p.9). Assim, para Pe. Harvey, a superação do hábito da masturbação depende de a pessoa seguir um “programa espiritual”, isto é, um plano de metas e de orientação que tenha base na espiritualidade – no presente caso, na espiritualidade cristã. Dizendo isso, Pe. Harvey não descarta a necessidade de apoio psicológico. Porém, o que ele diz é que, sejam quais forem os esforços outros para superar o hábito da masturbação, eles só serão efetivos se a pessoa seguir um plano que lhe ofereça apoio e metas espirituais, como, por exemplo, viver a castidade e o serviço ao próximo.

Por isso, a primeira atitude daquele que tem o hábito da masturbação é, reconhecendo-se nessa condição, buscar ajuda de profissionais que compartilhem dos valores cristãos. Somado a isso, buscar apoio espiritual, preferencialmente de um padre, ou então de uma pessoa em que se tenha confiança e de quem se respeita e reconhece a fé e, assim, que possa ajudar com formação sólida e orientação com base nos princípios cristãos.

Além disso, é de ajuda que, num primeiro momento, evite ficar sozinho e ocioso. Que busque ocupar o tempo com atividades como leitura, oração, passeio com os amigos, pintar, tocar instrumentos, estudar, entre outras – evitando, claro, expor-se a imagens ou situações que estimulem, depois, as fantasias ligadas à masturbação. Nessas atividades, é bom que a pessoa busque construir verdadeiras e castas amizades com outras pessoas, para que supere os sentimentos e as inquietações que a levam ao isolamento.

Caso a compulsão pela masturbação esteja ligada ao uso de pornografia, seja por revistas ou pela internet, é salutar que as revistas (e todas as imagens eróticas) sejam descartadas e que, se preciso for, se coloque filtros na internet, impedindo o acesso às páginas virtuais que contenham pornografia.

Esses passos iniciais, com o tempo, ajudarão a pessoa a encontrar alegria na sua relação com outras pessoas e a encarar o mundo com mais coragem e esperança. Soma-se a isso o fortalecimento interior e, assim, o crescimento de uma saudável confiança em si mesmo.

Rezemos a São José, Castíssimo Esposo de Maria e Protetor da Igreja, para que conceda a todos nós a graça de viver a castidade com alegria. São José, intercedei por nós!  

4 comentários:

  1. Gostei muito desse artigo. Acompanhamos jovens que nos pedem esclarecimento diante desse vício da masturbação e desejaria de posta-lo no nosso blog.Estaremos rezando pelo trabalho de vocês. Que Deus os ilumenem sempre.

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  2. Caro Vor,

    Você pode sim publicar este texto no seu blog. Ficaremos muito felizes por poder prestar este serviço aos irmãos. Sua oração é muito importante para nós.

    Um abraço fraterno

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  3. Gostaria de lhe pedir autorização de postar em meu blog este post do vosso blog. aguardo resposta abraços fraternos... estamos juntos em Cristo.

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  4. Caro Roberto,

    Pode publicá-lo, sem problema algum. Para nós é uma grande alegria poder servir aos nossos irmãos e irmãs.

    Um abraço fraterno

    Juventude Coragem

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