Courage International, Inc. é um apostolado da Igreja Católica, fundado em 1980 pelo padre John F. Harvey, presente no Brasil e em outros países, que oferece apoio pastoral a homens e mulheres que sentem atração pelo mesmo sexo e que tenham escolhido viver uma vida casta. Em 28 de novembro de 2016 Courage International recebeu o status canônico na Igreja Católica de associação pública clerical de fiéis, fazendo-o o único apostolado canonicamente aprovado de sua espécie.
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domingo, 13 de novembro de 2016
[Esp] A vitória sobre si mesmo - a mortificação (II)
Continuamos aqui nosso post anterior. Como
dizíamos, nossa primeira meta, a castidade, não se consegue ou vive da noite
para o dia, e a mortificação é um dos meios para alcançá-la. Mas por qual razão
devemos nos impor algumas privações, abrir mão de certo conforto? Por quê? Não
fomos criados para ser felizes nesta terra? Para responder a isso, prosseguimos
com a publicação de uma série de textos extraídos do livro A vida
espiritual reduzida a três princípios, um clássico de autoria do Padre
Maurício Meschler, S.J., que nos ajudarão a entender e a praticar a vitória
sobre nós mesmos.
Numerosos são os motivos que nos incitam á pratica da
mortificação.
1. Primeiramente, cumpre não nos esquecermos de que nosso
estado é de decadência; isto é, uma condição sujeita à desordem e à corrupção; aliás,
a evidência não nos permitiria iludirmo-nos a esse respeito. Nossa natureza
assemelha-se a um tronco de árvore tosco e nodoso; as rugosidades, os nós, são
todas essas inclinações mesquinhas e perigosas, muitas vezes inconfessáveis,
que nos dificultam a prática do bem, impelem-nos ao mal induzindo-nos ao
pecado. Somos repletos de amor próprio, orgulho, inveja, indolência, covardia,
impaciência, sensualidade, inconstância! O mais prendado dos homens pode decair
miseravelmente de sua primitiva nobreza, se vier a perder o domínio sobre si
mesmo, cessando de lutar contra a própria natureza. Descurar, por um só dia, de
combater as nossas más inclinações, é expormo-nos às mais funestas consequências.
Enjaulam-se os animais ferozes, e, ainda quando dominados, a prudência aconselha
que estejamos sempre de sobreaviso. Ora, em todo homem existe o animal. Não há vileza
de que a criatura não seja capaz, sob o impulso das paixões desenfreadas. Só
lhe resta um refúgio: a graça de Deus, coadjuvada pela força que provém do domínio
de si mesma.
2. Sendo homens, vivemos na sociedade dos demais homens. Sem
dúvida, o mundo não é o inferno, mas está bem longe de assemelhar-se ao
Paraíso. A vida é uma viagem, porém, não de simples recreio. É mister trabalhar,
labutar; ora, o trabalho, como a labuta, é uma fadiga. A vida é uma milícia, a
ela não nos podemos furtar. É ainda a vida uma sucessão de sofrimentos e de
alegrias, de boa e má fortuna; a prosperidade ensoberbece-nos até a presunção, a
adversidade nos abate até o desalento e gera o desespero.
A vida é a convivência com outros homens, ligados todos
entre si por uma rede de associações, classes, estados e vocações as mais
diversas, e cada cargo, cada posição, exige sacrifícios de toda a espécie. Que
advirá se não tivermos adquirido o domínio sobre nós mesmos, um completo
desprendimento e uma paciência a toda prova?
De paciência temos necessidade, para conosco, com os outros
e até para com Deus, e não é possível a sua prática se não nos renunciarmos a
nós mesmos.
3. Somos cristãos e, no cristianismo, tudo nos incita à
mortificação. Nosso Divino Salvador no-lo prega em sua doutrina e por seus
exemplos. É ela ensinada em todos os mistérios relativos à sua vida, do
presépio ao Calvário, e a renúncia de si mesmo é a condição indispensável,
imposta por Ele, aos que pretendem seguir-lhe seus passos, na qualidade de
discípulos (Mat. XVI, 24). A mortificação é, por assim dizer, a divisa de sua
doutrina. Crucificando o orgulho de nossa inteligência, a fé cristã sintetiza
todos os motivos da abnegação de si mesmo. Os preceitos constituem outras
tantas ocasiões de renúncia e os próprios sacramentos, símbolos da mortificação,
nos ajudam a praticá-la mediante as graças de que são canais. Segundo S. Paulo,
a vida cristã consiste em morrer com Jesus Cristo e ser com Ele sepultado (Rom.
VI, 24 - Col. III, 3). O cristianismo seria uma religião vã, se não exigisse o
desprendimento essencial que nos habilita a evitar todo pecado mortal, a
resistir às tentações e a observar os mandamentos.
O homem só pode entrar no céu pelo caminho estreito e pela
acanhada porta do desapego (Mat. VII, 14). Rejeitar, de caso pensado, o
desprendimento de si mesmo, é inspirar-se ele nas máximas da natureza, renegar
a fé e abdicar as noções da vida cristã.
4. Urge trabalharmos para a aquisição das virtudes, por
ser esse o único meio de atingirmos o nosso fim. A prática das boas obras nos encaminha
para esse fim, mas essa prática requer forças e essas só podem ser
proporcionadas pelas virtudes, que constituem a capacidade permanente de operar
o bem. Necessárias a todos são elas, porém de acesso mais ou menos difícil. É
então que intervém a vitória sobre si mesmo. Como já vimos, a mortificação não
é uma virtude isolada, mas que coopera com todas as outras.
É a virtude, por si mesma, bela, atraente, desejável; o
que nos amedronta e dela nos afasta é a dificuldades que oferece sua aquisição
e prática. Ora, o domínio de si mesmo dirime esse obstáculo. Aquele que
conseguir vencer-se, possui a chave de todas as virtudes. Eis o que constitui a
extrema importância da mortificação.
5. Outro tanto pode ser dito a respeito dos méritos, sem
os quais não podemos entrar no céu. Não há nenhum tão seguro, como a renúncia a
si próprio, porquanto ela vai de encontro às impressões naturais e está a salvo
do perigo de ilusão. Nenhum é maior, porque não há maior vencer que vencer o homem
a si mesmo, e essa vitória nos proporciona ocasiões de praticar as mais
excelentes virtudes.
A lembrança dos menores sacrifícios, das mínimas
mortificações, nos encherá a alma de jubilo, na hora extrema, e o mérito das boas
obras fixará para sempre a nossa eternidade. Se formos vigilantes, quanto
proveito podemos tirar das ocasiões grandes ou pequenas que se nos deparam no
correr do dia!
6. Sendo assim, o mais excelente dos diretores é o que
nos incita com maior energia a alcançar a vitória sobre nós mesmos, e o melhor livro
espiritual o que nos ensina a mortificação. O progresso na virtude, diz o autor
da Imitação de Cristo, está na razão direta da violência que o homem fizer a si
mesmo. Isto é exato: a melhor espiritualidade e a menos sujeita a ilusões é a
que nos leva a purificar o coração, a praticar atos de virtude e, por conseguinte,
a extirpar as paixões desregradas.
Só o desprendimento é que nos dá os meios de conseguir
esse resultado. A mortificação é a pedra de toque da verdadeira ascese.
7. Enfim, queremos e devemos ser do nosso tempo, isto é, ‘modernos’,
o que vale dizer que é mister vivermos em conformidade com a nossa época,
apropriando-nos o que ela tiver de bom, nas idéias e criações. Bem longe de se opor
a isto, Deus se serve desse ideal, dessas tentativas e aspirações, para
conduzir a humanidade a uma época e a um fim por Ele determinados.
Modernamente a grande preocupação dos espíritos é a
cultura, o progresso, a civilização, em geral, e, particularmente, a formação
da individualidade, da personalidade, do caráter, enfim. Tudo excelentes coisas.
Efetivamente, de que aproveitará a ciência, a arte, a economia social, e todo
o progresso exterior, se, no magnífico cenário por ele criado, o homem permanecer,
individualmente, um bárbaro, destituído de formação moral, escravo das mais
degradantes paixões? Se a palavra do profeta encontrar nele sua triste
realidade: «A terra que lhe pertence, exubera ouro e prata; não há limites para
os seus tesouros... o homem degradou-se, vilipendiou-se (Is. 7, 1 ss.).
Em que consiste a formação do caráter, da personalidade,
da individualidade, senão em formar, educar e fortificar a vontade de modo a
torná-la apta para o bem, capaz de tudo o que é nobre e verdadeiramente digno
de estima? É especialmente a vitória sobre si mesmo que opera essa
transformação porquanto, por meio dela, a vontade exercita as próprias forças
e se torna o instrumento do bem.
8. Se o homem apreciar essa escola, e aproveitar dessa
formação, readquirirá a nobreza e o valor moral de que Deus o dotara
primitivamente. Cada ato de mortificação, qualquer vitória ganha sobre si
mesmo, o aproximam do original divino. Torna-se ele segundo o desejo do
Criador: a imagem de Deus, o santuário da justiça, da sabedoria, da ordem, da
formosura, da liberdade, da verdadeira fé.
Mas para atingir esse ideal há uma condição
indispensável: é preciso que cada qual se convença a si mesmo.
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Excelente post, nada mais grandioso para o homem que vencer a si mesmo e estar, assim, mais próximo de Deus.
ResponderExcluirQue caminhemos juntos ao encontro de nosso Pai!
muito bom e instrutivo sobre a mortificação , obrigado pela matéria
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