Courage International, Inc. é um apostolado da Igreja Católica, fundado em 1980 pelo padre John F. Harvey, presente no Brasil e em outros países, que oferece apoio pastoral a homens e mulheres que sentem atração pelo mesmo sexo e que tenham escolhido viver uma vida casta. Em 28 de novembro de 2016 Courage International recebeu o status canônico na Igreja Católica de associação pública clerical de fiéis, fazendo-o o único apostolado canonicamente aprovado de sua espécie.
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terça-feira, 20 de setembro de 2016
[FH] O desafio de uma vida casta - Sexualidade em uma vida casta e solteira [III]
[Continuamos aqui o assunto abordado no post anterior sobre sobre como vivenciar a própria sexualidade dentro da castidade, a partir de de textos escritos pelo Pe. Benedict J. Groeschel no seu The courage to be chaste (A coragem de ser casto) inédito ainda em português. O post anterior pode ser lido aqui]
A sexualidade pré-consciente
O desejo sexual, com ou sem emoções delicadas e
necessidade de intimidade, é parte de toda vida humana. A pessoa solteira tem
de viver com ele, reconhecendo que a abstinência sexual pode fazer
a mente inconsciente
ou pré-consciente ser
mais, ao invés
de menos, ativa sexualmente. Isso vai além do escopo
deste livro, examinar a relação da pessoa consciente, pensante e moralmente responsável
com o grande mar interior e sombrio do inconsciente. O estudo dessa relação é
um dos grandes dramas da psicologia moderna; as pessoas que falham em
reconhecer as profundas questões envolvidas machucam-se freqüentemente por uma
complicação insensata no inconsciente, assim como os pouco familiarizados com o
mar acabam com freqüência afogados.
Por agora, é suficiente indicar que o solteiro casto,
como qualquer um, não pode esperar sondar pela inteligência ou eliminar pela
vontade os profundos rios do desejo sexual ou da necessidade de afeto e
intimidade. Somente no final duma longa vida de luta alguém pode ter a esperança
de superar a assertividade centrada em si próprio que corre de muitas formas
nas profundezas da psique. É uma tarefa da espiritualidade ajudar-nos a lidar
com essas vastas correntezas, não a tentar represá-las. Nessa profundidade
jazem os sistemas de energia da vida humana, inclusive a energia de seguir o
chamado de Deus a santidade.
Nessa profundidade, também, estão à espreita os mais
perigosos efeitos do pecado original, alguns inatos e alguns decorrentes do
ambiente. A falha em reconhecer e lidar com o inconsciente pode levar à
catástrofe. A observação seguinte sobre a “sombra” – palavra que representa a
parte inconsciente da psique, que contém ambos aspectos, positivos e negativos
– foi feita por Frances G. Wickes, uma psicóloga americana da escola jungiana
que se interessa há muito tempo pela vida espiritual.
“Às vezes quando alguém sente que os obstáculos da
vida, até quando enfrentados com coragem, são intransponíveis, pode descobrir
que parte da dificuldade é causada pela insuspeita atividade da ‘sombra’”[1]
Wickes discutiu o caso do homem que, fora do senso de
posse, suprimiu esses misteriosos e perturbadores sentimentos por um silêncio
educado, em vista de ter um ambiente apropriadamente harmonioso. Ela fez,
então, a seguinte observação sobre os efeitos dessa negação.
“As realidades desvanecem quando alguém teme qualquer
coisa que possa perturbar a superfície calma, sejam essas realidades exteriores
ou interiores. Então as dificuldades podem ser projetadas. O mal está atuando
no outro colega. As sombras dos outros se sobrepõem ao caminho e elas podem ser
evitadas. A vida exterior se estreita, a vida interior se torna mais
superficial. Mas, lá no fundo, a Sombra tem um farto banquete”[2]
A importância de lidar com a sexualidade pré-consciente
e o emprego inteligente da sombra ilustra-se pela seguinte história. Os fatos
deste caso são os fornecidos, embora alguns detalhes sejam mudados.
Eduardo era um seminarista devoto e instruído, a dois
anos da ordenação para o sacerdócio. Ele vinha do que parecia a qualquer pastor
um lar ideal. Seus pais eram devotos, trabalhadores e educados. Eles
trabalhavam juntos para dar aos filhos tudo que podiam e preparava-os para este
mundo e o próximo. A meta da vida de Edu era ser um missionário.
A castidade era um valor sério na sua vida e ele
acreditava que ele estava bem preparado para levar uma vida casta. Seus pais
proveram-lhe instrução adequada sobre “os fatos da vida”. Seus irmãos e irmãs
mais velhos já tinham se casado e ele se inteirara das suas experiências
enquanto se preparavam para o matrimônio. Edu tinha uma consciência muito
forte, que um teólogo podia admirar por sua qualidade intelectual e seu poder
de dirigir o comportamento. Um psicólogo poderia detectar uma tendência de ver
as coisas muito preto no branco, um tendência descrita como um super-ego rígido.
Mas Edu compensava de vários modos esta aparente rigidez. Ele se preocupava com
os outros, envolvia-se com os assuntos sociais e era genuinamente simpático às
necessidades dos desafortunados. O único com quem Edu era duro era ele próprio.
Certo verão Edu foi designado para trabalhar numa
região muito pobre. Para seu horror, ele acabou envolvido com duas garotas
diferentes, da sua idade. Ambas eram experientes com a sexualidade. Nenhuma
delas ficou chocada ou escandalizada com o comportamento de Edu, pois elas
sentiram pena dele. “Ele era um cara tão legal e parecia saber tão pouco sobre
a vida”. Era esta a atitude delas.
Edu tirou licença de um ano do seminário e trabalhou
numa ação social. Seu comportamento saiu do controle, embora sua consciência e
seu sistema de valores não mudassem nem um pouco. Por sugestão minha, ele
começou terapia com um psicólogo religiosamente orientado. Edu também rezou
fervorosamente pela ajuda de Deus. Por fim, ele concluiu que o sacerdócio não
era para ele – ele sentia que não podia viver sem intimidade sexual.
Ele está agora casado com uma mulher muito devota e
eles têm muitos filhos. Edu explicou-se depois que ele não tivera chance senão de se casar. Ele sentiu que Deus não respondeu à sua prece pela graça da vida
celibatária e, conseqüentemente, indicou-lhe que o casamento era seu caminho.
Este é um caso perturbador para pessoas das mais
diferentes formas de pensar. O devoto sentirá que, talvez, Edu tivesse sido
desonesto ou não pertencesse ao seminário, em primeiro lugar. Se assim, eu
desafiaria qualquer um a conhecer este homem e ainda acreditar nisso.
Outros dirão que o caso de Edu sugere que o celibato
obrigatório para padres mantém bons homens afastados do sacerdócio e deveria
ser abolido. O fato é que muitos homens, com bagagens semelhantes à de Edu, são
padres satisfeitos, atuando bem e sendo capazes de ser castos sem problemas. Por
outro lado, outros dirão que Edu está preso a um casamento infeliz, uma vez que
ele se casou para resolver seus problemas. Mas ele está casado e feliz. Ele e
sua esposa são parecidos de muitas formas, e eles vêm mantendo um lar feliz por
muitos anos.
A experiência de Edu sugere-me que a repressão é uma
forma perigosa de controle sexual, em especial quando ela é usada
exclusivamente para administrar a própria sexualidade. Edu explicou-me que,
toda vez que ele ficava ciente da mínima atração sexual ou fantasia, ele energicamente a afastava da mente. Ele nunca foi
incomodado por tentações com autoerotismo ou qualquer outra expressão sexual.
Ele teve algumas poucas tentações no total, até aquele dia horrível em que o
desejo irresistível acertou-o em cheio.
A moral desta história é que o controle consciente,
com todas as lutas que ele implique, é de longe o melhor jeito de administrar a
vida do que a repressão ou forçar os impulsos todos para o inconsciente.
Embora fosse uma boa pessoa, Edu nunca assumiu realmente a
responsabilidade do seu comportamento sexual, pois ele nunca foi desafiado.
Quando o desafio chegou, o poder dos sentimentos sexuais reprimidos era tão
forte que o acertou como um maremoto. Ao invés de gentilmente
assumir a responsabilidade do seu comportamento, Edu rezou e esperou por um
milagre espiritual – a remoção de todo impulso sexual. Novamente, ele não
assumiu a responsabilidade de si mesmo. Isto pode ser feito tal como fazem os
Alcólicos Anônimos, até mesmo quando se admite que é impotente. A mente e a
autoimagem de Edu eram rígidas demais para fazer essa confissão e lidar
diretamente com semelhante objetividade. Se ele houvesse sido capaz de lidar
com a idéia de que ele era um pobre pecador, assim como todo mundo, talvez ele
pudesse haver passado pelos desafios das suas necessidades reprimidas e, com a
graça de Deus, conseguisse o controle consciente.
Pode ocorrer a você a questão que me ocorreu: Por que
ele não recebeu alguma graça especial para superar esta barreira? Esta questão
traz à tona o assunto mais abrangente da Providência de Deus. Talvez não fosse
para ser. Edu tinha algo mais forte até do que sua virtude e isso era a sua fé.
Em toda essa escuridão, ele acreditou que Deus o conduziria ao lugar onde ele
devia estar. Quando eu visitei Edu e sua esposa, tive certeza de que Deus quis
assim. Se nós acreditamos, damos a Deus a chance de escrever certo por linhas
tortas.
[continua...]
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Este livro existe na lingua espanhola ? Desejo compra-lo, mas não tenho muita intimidade com o inglês.
ResponderExcluirOi irmão anônimo, infelizmente o livro não tem ainda tradução para o espanhol. Só está disponível em inglês mesmo.
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