[Continuamos aqui o assunto abordado no post anterior sobre sobre como vivenciar a própria sexualidade dentro da castidade, a partir de de textos escritos pelo Pe. Benedict J. Groeschel no seu The courage to be chaste (A coragem de ser casto) inédito ainda em português.]
EXPRESSÕES CASTAS
DA SEXUALIDADE
Esta
frase pode surpreender um pouco. Nós ligamos as palavras sexual e genital,
implicando o envolvimento dos órgãos reprodutivos. O fato é que nós expressamos
nossa identidade sexual no jeito como andamos, falamos, nos vestimos,
trabalhamos e nos divertimos. Cada pessoa tem direito a sua própria expressão
da autoimagem, a menos que, como Barbazul e Jezebel, essa expressão seja danosa
aos outros.
Se
você é solteiro, pode valer a pena fazer um balanço de si próprio. Você está
confortável com quem você é, ou está pouco à vontade e projeta uma falsa imagem
de si? Enquanto alguns solteiros se vestem e agem sedutoramente por
ingenuidade, outros passam pela vida num tipo de modo neutro, tanto que não se
tem certeza se eles são homem ou mulher. Não estou me referindo a uma mulher
excessivamente assertiva ou a um homem excessivamente refinado, mas a pessoas
que optaram por apresentar-se como sexualmente nulos. Tal situação me diz que,
infelizmente, eles não estão em paz com sua sexualidade.
Por
alguma razão os clérigos e os religiosos em particular costumavam sentir-se
obrigados a se apresentar a si mesmos como neutros. A maior parte do tempo isso
não funcionou e qualquer um familiarizado com a vida religiosa sabia que muitos
estavam claramente confortáveis com os próprios gêneros, enquanto tinham sua
sexualidade sob bom controle. Um conhecimento razoável da vida dos santos
religiosos revela que estes ilustres cristãos eram bem claros na apresentação
da própria autoimagem.
E quanto aos homens não tão masculinos e às mulheres não tão femininas? Esta é uma questão real para os solteiros em geral, e para os religiosos em particular. Nas profissões auxiliares, entre professores, assistentes sociais, profissionais de saúde e clero, muitos homens têm uma bem desenvolvida “anima”, o lado feminino, e muitas mulheres parecem ter um forte “animus”, ou o lado masculino, nas suas personalidades. Este balanço torna possível ao indivíduo ajudar criativamente a outros. Qualquer um que encontre um justo e forte elemento do outro gênero na própria personalidade tem de ser objetivo e cuidadoso com a apresentação de si mesmo. É certamente indesejável comunicar uma mensagem confusa ou conflituosa a respeito da própria autoimagem.
Um
tipo curioso de agressão passiva e autorejeição pode se desenvolver no menino
demasiadamente gentil ou na menina demasiadamente agressiva. Eles podem ser
forçados pelos outros a não gostar de si mesmos. Se isto se junta à ansiedade a
respeito da homossexualidade, então a pessoa pode tornar-se assertiva num
caminho autodestrutivo. Parece-me que resoluções de pose ou autozombaria – até
mesmo o uso da palavra “gay” - são fugas duma infância ou adolescência cheias
de ódio contra si. Essa propensão destrutiva é realmente uma forma de
autopunição que não torna a vida solteira mais fácil nem mais produtiva.
Um
dos lugares-comuns da psicologia pop é que todos devem estar confortáveis com
sua sexualidade. Tal afirmação é provavelmente uma descrição do mundo antes da
Queda. Pouquíssimas pessoas com menos de setenta e cinco anos (alguns dizem
noventa) estão assim tão confortáveis com sua sexualidade. Ela é uma força
muito complexa e poderosa, tão familiar e, ainda assim, enterrada no
subconsciente.
Todos,
inclusive a pessoa solteira e casta, conscientemente e inteligentemente, devem
tentar integrar a sexualidade no todo da vida. A castidade é uma expressão da
sexualidade. Quanto ela não a seja, tanto a mera abstinência sexual será
expressão de repressão e irrealismo. Toda pessoa madura tem de ser realista
sobre a sexualidade, mais do que ninguém aquela tentando ter uma vida solteira
e casta.
[continua…]
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