BOAS AMIZADES
ARMA CONTRA A PORNOGRAFIA
A pornografia permeia a vida da sociedade moderna e se tornou, para muitos, um vício. Esse mal, presente na vida de pessoas com atração pelo mesmo sexo ou não, apenas aumenta dois fatores que cada vez mais são consequências de nosso mundo conturbado: a solidão e o isolamento. Na vida de uma pessoa com AMS (e também de qualquer outra), é a "válvula de escape", é o instrumento ilusório de uma suposta intimidade. Quando trilhamos os Doze Passos do Courage, logo no primeiro nos deparamos com nossa incapacidade de superar sozinhos os problemas que nossa inclinação nos traz, entre eles a pornografia. Mas o que fazer? Entre os remédios ou armas que podem por nós serem utilizados estão as boas e castas amizades, objeto de nossa quarta meta: "Ter em mente as seguintes verdades: que as castas amizades não são apenas possíveis, como também necessárias na vivência da castidade cristã e que, no seu cultivo, elas oferecem um mútuo encorajamento". É o que o seguinte texto nos mostra.
Procurando por relacionamentos: falso x verdadeiro
Acredito que tudo que está
relacionado à construção de relacionamentos saudáveis seja parte importante do
processo de luta contra a pornografia. A pornografia promete intimidade
instantânea com outros, mas não pode cumprir tal promessa. Para não cair em sua
armadilha, temos que passar pelo processo, nem sempre fácil e tampouco rápido,
de desenvolvimento de relacionamentos reais com outras pessoas.
Se passamos anos lutando para
formar amizades, sem sucesso, talvez tenhamos que mudar nossa perspectiva a
respeito de relacionamentos, sobretudo com outros cristãos. Em vez de nos
vermos como ilhas isoladas, temos que nos dar conta de que devido à obra de
Cristo na cruz, já temos uma união com outros cristãos em nível profundo. O elo
já existe, como descrito em Efésio 2, 19: “Assim já não sois estrangeiros e
peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois família de Deus; edificados
sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo Cristo Jesus, a
pedra angular”.
Dar-se conta disto nos dá certa
segurança, e mais confiança para nos aproximarmos de outros cristãos. Não mais
sentimos a necessidade de “trabalhar” a
amizade; só necessitamos descobrir e desenvolver o elo que já existe em Cristo.
Este conhecimento também pode dar
confiança adicional na resolução de conflitos com outros cristãos. Qualquer que
seja a crise que surja entre eu e outro cristão, ambos temo recursos divinos e
a ação do Espírito Santo para nos ajudar a caminhar em direção a uma cura ou
resolução.
Um dos primeiros passos no
caminho para relacionamentos saudáveis é levar todas essas lutas ao Senhor em
oração: “O Senhor sabe que eu tenho
problemas com relacionamentos. Muitas vezes procuro amizades por razões
equivocadas, procurando por coisas que nenhuma amizade poderia me dar. Não
quero mais seguir por este caminho. Quero formar amizades, não a partir de uma
necessidade doentia, mas a partir do meu amor por Ti e de minha relação
contigo. Abra meus olhos para os relacionamentos que o Senhor quer me dar.
Ajuda-me a reconhecer velhos padrões à medida que surgirem, e ajuda-me a
encontrar novas maneiras de me relacionar com outros.”
Algumas vezes Deus tem surpresas
para nós com relação a amigos. Foi o que aconteceu com Harry, um homem que
vivera na prática homossexual.
Sempre que Harry se dava conta,
parecia estar perto de Roger. No estudo bíblico, nos ensaios do coro, no culto
dominical, lá estava sempre Roger. Um domingo, após o culto, Roger perguntou se
Harry gostaria de almoçar com ele.
“A única razão pela qual disse
sim foi porque não consegui encontrar uma desculpa de maneira rápida”,
lembra-se Harry.
Roger seria a última pessoa que
Harry escolheria como amigo. Grande, lento e tímido, Roger era o gerente de uma
fábrica de beneficiamento de milho nas cercanias. Harry havia recentemente
deixado para trás a prática homossexual em Chicago, e decidira aceitar o
emprego de professor em uma pequena comunidade em Wisconsin. Mesmo que tivesse
renovado seu compromisso com Cristo e tivesse esperanças de fazer novas
amizades, Roger não era o que ele esperava como amigo.
“Mas, aquele almoço após a igreja
abriu meus olhos”, disse Harrry. “Roger era gentil de espírito e tinha uma
relação genuína e profunda com Cristo.”
Os dois homens desenvolveram uma
sólida amizade. Harry introduziu Roger a C.S. Lewis, George MacDonald e outros
autores cristãos. Em contrapartida, Roger acendeu o interesse de Harry por
caminhadas em florestas e esportes radicais, como canoagem e “rafting”.
Num dado momento, Harry se sentiu
compelido a contar a Roger sobre seu passado na prática homossexual. Cheio de
terror, ele vomitou sua história. Quando terminou, Roger olhou em seus olhos
com ternura e disse, “já imaginava isto.”
“Meu passado lhe incomoda?”,
Harry perguntou.
“Admito que não o entendo”, Roger
respondeu. “Mas não tenho que compreender tudo sobre você para ser seu amigo,
não é?”
Harry pensou por um momento.
“Não, creio que não.”
Ao dar o passo para construir
amizades saudáveis, temos que estar abertos para nos relacionarmos com pessoas
diferentes do “nosso tipo”. Claro que não vamos procurar por amizades com
pessoas que não tenham um mínimo em comum conosco, mas devemos estar abertos a
relacionamentos que nos pareçam desconfortáveis à primeira vista. Deus sabe que
tipos de relacionamentos são necessários para que nossas melhores qualidades
sejam desenvolvidas e que possibilitem o amadurecimento de nossa identidade
(...) – e normalmente não são o tipo de relacionamentos que escolheríamos por
nós mesmos.
E quando àquelas pessoas que
encontramos e gostamos instantaneamente – talvez demais? Deveríamos fugir delas
com receio de que poderíamos cair em dependência emocional ou mesmo num
relacionamento sexual? Ou ir ao outro extremo, fazendo uma oração rápida
(“Fique de olho em mim, Deus”) e se laçando à toda velocidade em frente, cego
de excitação por uma nova relação? Infelizmente não há respostas fáceis para
este dilema. Se estivermos numa posição muito vulnerável e a outra pessoa não
for madura ou estável, normalmente é melhor colocar um freio na amizade por
algum tempo. Na maior parte dos casos, o melhor conselho é “prosseguir com
cuidado”.
Às vezes iniciamos novas relações
com boas intenções, mas ficamos envolvidos em padrões doentios, ainda que nos
esforcemos ao máximo. Vivemos num mundo despedaçado e todas as nossas relações
em algum grau refletem isto.
Quando entramos numa nova
relação, com um homem ou mulher, necessitamos uma mistura de fé e cuidado. Fé,
sabendo que Deus está nos revestindo e sustentando, dando-nos sabedoria e graça
aos nossos esforços para ter sucesso. E cuidado, estando ciente de que nenhum
outro ser humano é completamente “seguro” ou está totalmente restaurado.
Muitas de nossas necessidades
mais profundas serão satisfeitas pelo próprio Deus. Talvez tenhamos um amigo
que seja um grande companheiro de oração; outro com o qual possamos contar
piadas e nos divertir de forma saudável; e outro que necessita de nosso tipo
especial de ministério e encorajamento. Nossas vidas são mosaicos de amizades e
interesses, não um quebra-cabeças feito de duas peças que se encaixam.
Em última instância, Deus é o
doador de todas as boas dádivas – incluindo amigos verdadeiros. “O Senhor me
ajudou de verdade nesta área”, diz Rod. “Passei meus anos de adolescência
virtualmente sozinho, aterrorizado de que alguém se aproximasse de mim o
suficiente para descobrir minhas lutas com a homossexualidade.
“Durante minha juventude, quando
comecei a abrir minha vida para outros cristãos, experimentei o que é uma
profunda amizade pela primeira vez. Este processo de fazer amigos trouxe
bastante cura e satisfação para a minha vida. Mas antes tive que me arriscar em
ser aberto com outros, o que era aterrorizador. Agora estou feliz por me ter
arriscado.”
Rod lutou muitos anos contra a
pornografia homossexual e se deu conta de uma nova vitória na área quando ele
começou a preencher sua vida com relações saudáveis com outros homens. A
tentação de dar uma olhada em literatura pornográfica gay não desapareceu
totalmente, mas à medida que ele enchia sua vida com amizades compensadoras,
ele notou que as tentações perderam muito de seu poder e força.
Rod diz que suas amizades
masculinas foram um instrumento em sua libertação da homossexualidade. “Eu me
dou conta de que, durante todo o tempo que estava me deixando levar pela
pornografia e procurando por contatos sexuais, estava na verdade procurando por
um amigo. Agora que tenho homens que posso amar de maneira santa e saudável,
não estou mais sozinho.”
“Todos nós que passamos pela
prática homossexual – mesmo os mais introvertidos – têm grande ânsia por
contato com outras pessoas, especialmente outros do nosso mesmo sexo”, adiciona
Rod. “Assim a escolha está em como iremos satisfazer estas necessidades de
contato com o mesmo sexo: através da lascívia e meios pecaminosos, ou através
de amor e amizades saudáveis. Estou muito mais feliz e realizado desde que
comecei a procurar satisfazer estas necessidades de uma maneira aprovada por
Deus.”
(extraído do livro "Vencendo a pornografia", de Bob Davies)
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