Muitos se deixam dominar pelo instinto sexual por julgá-lo irresistível ou porque desconhecem a força da própria vontade. Outros, pela persuasão errônea de que a resistência pode acarretar enfermidades ou que seguir tal instinto é prova de virilidade. Muitíssimos, porque esperam encontrar nesta satisfação a felicidade a que todos almejamos. Há também aqueles que maldizem o instinto sexual, esquecendo que ele é bom e que Deus o criou com uma finalidade própria. Não aceitam que o pecado original tornou esse instinto desregrado, e que devemos, pela graça e pelo esforço, colocá-lo em seu devido lugar. Mas como fazer isso? O Padre Narciso Irala nos ensina.
1º. Antes de tudo, se dominavam
idéias errôneas neste ponto, é preciso corrigi-las lendo algum livro de
educação sexual sadio e aprovado pela Igreja.
2º - Para fazer contrapeso ao influxo
inconsciente da afetividade do deleite, procuraremos arraigar afetividades e
tendências contrárias, acostumando o corpo ao trabalho, à vida dura, a à
mortificação e à dor (dignificadas pela fé) e afastando-o da comodidade e do prazer.
Os esportes sadios e varonis ajudam bastante.
Um jovem de família rica
confessou-me que lhe parecia impossível a castidade quando vivia em sua casa
rodeado de comodidades e de presentes. Quando esteve em um lugar com muitas privações e trabalhos nunca teve tentação carnal.
3º - Devemos evitar pessoas,
objetos, leituras, conversas e espetáculos que tragam associações de imagens ou
tendências menos puras. Querer a
castidade com esses incitamentos é pretender caminhar sem cair por terrenos
inclinados e escorregadios. É preciso evitar que se suscitem tais incitamentos
por objetos proibidos.
4º - Quando aparecerem as tendências
más ou pensamentos, resistir logo no primeiro momento “quando ainda são fracas”,
contrapondo-lhes outras imagens (sensações conscientes, concentrações
voluntárias, atos que ocupem a atenção) e outras tendências, por exemplo,
querer evitar o inferno, ganhar o céu, querer dar gosto a Jesus Cristo, salvar
almas, etc.
Um jovem muito casto e virtuoso
ao encontrar-se com amigas ou parentes, via-se logo perturbado e assaltado por
pensamentos impuros sem saber como evita-los. Bastou-nos aconselhar-lhe que
associasse conscientemente outras imagens à idéia de mulher, por exemplo, à
excelência da mãe que dá filhos para o céu, o Espírito Santo que mora nela pela
graça, a sublimidade da Virgem Mãe de Deus etc. [para os homens que sentem atração pelo mesmo sexo vale o
mesmo conselho: excelência do pai que dá filhos para o céu, o Espírito Santo
que mora nele pela graça, a sublimidade de São José]. Poucos dias depois,
voltou para agradecer-nos. Esta nova associação de idéias induzida
voluntariamente havia acabado com as outras subconscientes e instintivas e
sentia-se agora tranquilo e feliz.
5º - Para resistir melhor,
evitemos colocar-nos em estado de inferioridade psíquica (alcoolismo,
romantismo afetivo, sonolência, divagação cerebral). Neste estado, ficam soltas
a imaginação e a afetividade subconsciente e como que adormecidas a vontade e a
razão. Permanece todo o homem entregue à mercê do primeiro impulso. Este
brotará fácil e violentamente, sobretudo se se juntou a tudo isso uma posição
excessivamente cômoda que, por associação inconsciente do sentido do tato,
desperta os baixos instintos. Teremos, ainda assim, poder para resistir e por
isso seremos responsáveis pelo ato, mas... o atacante é forte e o defensor não
está em guarda.
O Santo Cura de Ars fugia da
sensação de comodidade como quem foge do fogo.
6º - Não encaremos esta luta heroica
de um modo negativo: “Não se pode fazer isto; é preciso evitar aquilo”, mas sim
de forma positiva: como um sacrifício que generosamente oferecemos a nosso Deus
Crucificado, para amá-lo, agradá-lo, obedecer-lhe e imitá-lo. Esta luta
positiva alegra e anima; a negativa deprime.
7º - Motivemos devidamente e
elevemos à sua excelsa dignidade este instinto. Por ele quer Deus fazer
depender do homem Seu poder de criar almas imortais e quer que isto se faça na
entrega total de um ser para outro ser com o qual se completa e faz feliz por
um amor desinteressado. Esta entrega a outra pessoa que vai completa-la e
satisfazê-la emocionalmente é uma concretização aqui sobre a terra, da união
íntima, espiritual e sublime com o Deus de infinito Amor e com felicidade
divina que Ele nos prepara no céu. Por isto deu à união conjugal o caráter
sagrado pelo sacramento do Matrimônio. Querer a satisfação sexual, excluído a
finalidade dela, é burlar a intenção de Deus, nosso Pai e frustrar Seus planos
divinos.
8º - Contra as idéias motoras que
impelem à realização do ato, opor o sentimento de que podemos evitá-lo, por
exemplo: mando a meus pés que não vão àquele lugar, ou a minhas mãos que
estejam cruzadas sobre o peito por um tempo determinado, para fortalecer meu
caráter, para agradar a Nosso Senhor, para merecer o Céu (não diga “para evitar
o pecado” pois tal evocação despertaria as idéias e impulsos que tratamos de
dominar). Estes atos assim concretizados sentir-se-ão como possíveis e a
vontade poderá querê-los.
9º - Uma vez feito tudo o que podíamos,
dada a dificuldade especial desta matéria, resta-nos ainda recorrer a Deus para
conseguir forças sobrenaturais pela oração, pela confissão e pela comunhão.
Esta graça pedida com humildade, confiança e perseverança nunca nos será
negada. A experiência de muitos séculos em todos os povos e homens de toda
condição intelectual e social demonstra que estes meios sobrenaturais vencem a
dificuldade especial de guardar a castidade.
[extraído do livro Controle
Cerebral e Emocional, do Padre Narciso Irala]
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